A infância maltratada no cinema de Sandra Kogut: análise fílmica de Mutum e Campo Grande

Autores

DOI:

https://doi.org/10.54948/desidades.v1i40.56277

Palavras-chave:

cinema brasileiro, cinema de denúncia social, representação, infância, análise fílmica

Resumo

Este artigo busca investigar as representações da infância maltratada no cinema da diretora brasileira Sandra Kogut, a partir da análise fílmica de dois de seus filmes, Mutum e Campo Grande. O objetivo foi discutir como os personagens infantis são construídos e como eles reagem a um ambiente hostil, já que em ambos os filmes as crianças sofrem abusos, como abandono e agressão psicológica. Para discutir os filmes, que se enquadram no recente cinema de denúncia social brasileiro, foi recortada uma cena de cada obra. Como resultado, apontamos que a obra de Sandra Kogut é um cinema de resistência, pois as crianças são apresentadas em suas múltiplas relações com o mundo, muitas vezes complexas e contraditórias, e não de forma passiva e ingênua – portanto, Sandra procura desconstruir estereótipos da infância.

Biografia do Autor

Felipe Boso Brida, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Programa de Pós-Graduação em Linguagens, Mídia e Arte, Campinas, São Paulo, Brasil

Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Linguagens, Mídia e Arte da PUC-Campinas, com especialização em Artes Visuais e Intermeio pela Universidade Estadual de Campinas. Professor no Imes Catanduva e no Senac Catanduva.

Juliana Doretto, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Programa de Pós-Graduação em Linguagens, Mídia e Arte, Campinas, São Paulo, Brasil

Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa. Professora permanente no Programa de Pós-Graduação em Linguagens, Mídia e Arte e no Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC-Campinas.

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Publicado

20-02-2025