Colocando em crise o atendimento na medida socioeducativa: pela participação reflexiva do adolescente
DOI:
https://doi.org/10.54948/desidades.v1i39.61641Palavras-chave:
ECA, Medidas socioeducativas, Adolescência, Participação, Direitos humanos.Resumo
Neste artigo, foi abordada a participação do adolescente autor de ato infracional ao longo do cumprimento da medida socioeducativa, partindo de tese recentemente defendida, na qual foram elaborados com cinco adolescentes textos inspirados em suas experiências com o socioeducativo perspectivando criar derivações aos sentidos dados a elas por eles. Para discorrer sobre a questão da participação, emprestamos memórias de três deles, com quem falamos sobre temas que se desdobraram na pesquisa a partir do encontro. Delas derivamos discussão acerca de prática recorrente no socioeducativo que furta aos adolescentes a possibilidade de falar e refletir sobre o que vivem: o encaminhamento. Fazendo a crítica de certa concepção sobre direitos que produz um direito-sem-sujeito, colocamos em crise a ideia de participação que, por vezes, pode promover exatamente o seu oposto em um fazer irrefletido e restringido às palavras de ordem. Perspectivamos horizontes nos quais o adolescente, em sua trajetória, comparece como elemento constituinte do trabalho socioeducativo.
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