Crianças e adolescentes em vulnerabilidade social: perspectivas da Bioética de Intervenção e do Interacionismo Simbólico
DOI:
https://doi.org/10.54948/desidades.v1i42.64196Palavras-chave:
Estágios do ciclo de vida, vulnerabilidade social, família, interacionismo simbólico, bioética.Resumo
Este estudo investigou como pessoas em diferentes ciclos de vida familiar constroem sentidos e significados éticos sobre vulnerabilidade social de crianças e adolescentes. Fundamentado na Bioética de Intervenção e no Interacionismo Simbólico, foram realizadas entrevistas com dezessete participantes residentes em territórios com alto Índice de Vulnerabilidade Social (IVS), em uma cidade brasileira. Os resultados revelaram três categorias: percepção dos significados e influência do território sobre meio social; interação social com crianças e adolescentes em vulnerabilidade social; e vulnerabilidade social observada a partir das experiências vividas no cotidiano. Discute-se que a vulnerabilidade de crianças e adolescentes, não sendo apenas condição ontológica e individual, é socialmente reproduzida em interações familiares e territoriais que, no contexto do Sul Global, são atravessadas por hierarquias coloniais. Configuradas como relações de proteção e vulneração, essas interações evidenciam a necessidade ética de políticas públicas protetivas e libertadoras para crianças e adolescentes em territórios com alto IVS.
Downloads
Referências
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2016.
BLUMER, H. A natureza do interacionismo simbólico. In: MORTENSEN, C. (Ed.). Teoria da comunicação: textos básicos. São Paulo: Mosaico, 1980.
BORGES, L. Mãe solteira não, mãe solo! Considerações sobre maternidade, conjugalidade e sobrecarga feminina. Revista Direito e Sexualidade, v. 1, p. 1-23, 202. 3
BRASIL. Ministério da Saúde (MS). Portaria nº 1.130, de 5 de agosto de 2015. Institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União, 6 ago. 2015.
BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Dispõe sobre as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13 dez. 2012. Seção 1, p. 59.
CARTER, B.; MCGOLDRICK, M. As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para a terapia familiar. 2. ed. Tradução de Veronese MAV. Porto Alegre, RS: Artes Médicas, 1995.
CARTER, M. J.; ALVARADO, A. M. Symbolic interactionism as a methodological framework. LIAMPUTTONG, P. (Ed.). In: Handbook of research methods in health social sciences. 1. ed. Singapore: Springer, 2019. p. 169-187.
CUNHA, T. R. da; GARRAFA, V. Vulnerability: a key principle for global bioethics? Cambridge Quarterly of Healthcare Ethics, Cambridge, v. 25, n. 2, p. 197-208, 2016.
CUNHA, T. R. da et al. A família como espaço de proteção e de vulneração: revisão integrativa da literatura a partir do campo da Bioética. Cadernos de Pedagogia Social, v. 20, n. 9, p. 197-208, 2023.
DESSEN, M. A.; POLONIA, A. C. A. Família e desenvolvimento humano: uma perspectiva da psicologia bioecológica. Paidéia, v. 17, n. 36, p. 21-32, 2007.
FONSECA, C.; RODRIGUES, T.; SILVA, M. Infâncias e juventudes no Brasil: desafios e perspectivas. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2013.
GARRAFA, V. Da Bioética de princípios a uma Bioética interventiva. Revista Bioética, v. 13, p. 125-134, 2005a.
GARRAFA, V. Inclusão social no contexto político da Bioética. Revista Brasileira de Bioética, v. 2, p. 122-32, 2005b.
GARRAFA, V. Bioética de intervención, dura sin perder la ternura - crítica, anti-hegemónica y militante. In: SARIEGO, J. R. A. (Ed.). Bioética y Biopolítica. Habana: Acuario, 2023. p. 88-112.
GARRAFA, V.; PORTO, D. Bioética, poder e injustiça: por uma ética de intervenção. Mundo Saúde, v. 26, n. 1, p. 6-15, 2002.
MACHADO, J. C. et al. Violência intrafamiliar e as estratégias de atuação da equipe de Saúde da Família. Saúde e Sociedade, v. 23, n. 3, p. 828-840, 2014.
NASCIMENTO, W. F. do; GARRAFA, V. Por uma vida não colonizada: diálogo entre Bioética de intervenção e colonialidade. Saúde e Sociedade, v. 20, n. 2, p. 287-299, 2011.
NASCIMENTO, L. C. N. et al. Theoretical saturation in qualitative research: an experience report in interview with schoolchildren. Rev. Bras. Enferm., v. 71, n. 1, p. 228-33, 2018.
PORTO, D.; GARRAFA, V. Bioética de intervenção: considerações sobre a economia de mercado. Revista Bioética, v. 13, n. 1, 2005.
REZENDE, K.; CAPPELLARI, H. C. L.; PAGANI, L. A. G. Children and adolescents in a situation of social vulnerability in Brazil. Research, Society and Development, v. 10, n. 1, p. e56101124587, 2022.
SANCHES, M. A.; MANNES, M.; CUNHA, T. R. da. Vulnerabilidade moral: leitura das exclusões no contexto da Bioética. Revista Bioética, v. 26, n. 1, p. 39-46, 2018.
SEBENELLO, D. C.; KLEBA, M. E.; KEITEL, L. Práticas de lazer e espaços públicos de convivência como potência protetiva na relação entre juventude e risco. Revista Katálysis, v. 19, n. 1, p. 53-63, 2016.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 DESIDADES - Revista Científica da Infância, Adolescência e Juventude

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Todo o conteúdo da Revista está licenciado sob a Licença Creative Commons BY NCND 4.0.