Provocações dissidentes: o apagamento da diversidade sexual e de gênero na política socioeducativa do Sinase

Autores

DOI:

https://doi.org/10.54948/desidades.v1i42.66177

Palavras-chave:

ato infracional, Medidas socioeducativas, identidade de gênero, orientação sexual, lgbt

Resumo

Este artigo analisa criticamente o respeito de existir em diversidade sexual e de gênero de adolescentes e jovens que cometem atos infracionais, estudando os dados do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) sobre o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase). O trabalho abrange dez Levantamentos Anuais do Atendimento Socioeducativo (LAAS), publicados entre 2009 a 2023, além da única Pesquisa de Avaliação do Sinase, lançada em 2020. Embora as normas técnicas enfatizem a importância de abordar e reconhecer essa diversidade, há uma evidente dissincronia entre o que é estabelecido e o que é executado nas gestões e nos serviços socioeducativos. Essa lacuna reflete em um apagamento, evidenciando uma crescente deslegitimação dos direitos humanos e sociais, comprometendo a garantia desses direitos aos adolescentes e jovens dissidentes da cisgeneridade e/ou da heterossexualidade atendidos(as) nos programas socioeducativos.

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Biografia do Autor

Douglas Gomes, Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania do Governo do Distrito Federal, Brasil

Assistente Social da Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania do Governo do Distrito Federal, Brasil. Mestre em Políticas Públicas para Infância e Juventude pelo Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares da Universidade de Brasília (UnB), Brasil

Maria Lúcia, Universidade de Brasília, Brasil

Professora Emérita da Universidade de Brasília (UnB), Brasil. Coordenadora do Grupo de Pesquisa sobre Tráfico de Pessoas, Violência e Exploração Sexual de Mulheres, Crianças e Adolescentes da mesma universidade.

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Publicado

16-10-2025

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TEMAS EM DESTAQUE