O TRATADO DO AMOR CORTÊS E O COLAR DA POMBA: A SISTEMATIZAÇÃO DE UM IDEAL RELIGIOSO ATRAVÉS DO AMOR
DOI:
https://doi.org/10.55702/medievalis.v3i1.44242Palavras-chave:
Amor Cortês, Ibn Hazm, André CapelãoResumo
No conceito de amor cortês podem ser encontrados diversos elementos islamizados: os trovadores do séc. XI não teriam apenas relido o amor platônico e ovidiano aos moldes de seu tempo, como também teriam se apropriado do pensamento islâmico de Al-Andalus sobre a temática do amor para construir toda a imagética da dama, o cavalheiro e o desenrolar amoroso. Esta suposição é corroborada por vários indícios, como o próprio uso do conceito de “amor cortês”, o qual, antes de aparecer no Ocidente Cristão, já era apropriado por poetas e filósofos andalusinos com a mesma compreensão. O próprio poeta cordovês Ibn Dawud (868-909) declarara em sua famosa obra “O Livro da Flor”: “A submissão à amada é a marca natural de um homem cortês”.
Pensando neste aspecto, trago neste artigo uma breve discussão sobre a possível influência da epístola árabe-cordovesa “O Colar da Pomba” de Ibn Hazm do séc. XI, na elaboração de “O Tratado do Amor Cortês” de André Capelão do séc. XII, comparação esta já defendida por diversos pesquisadores ocidentais e orientais, e ainda aberta a maiores problematizações.