EPISTEMOLOGIA HISTÓRICA DA GRAMÁTICA NORMATIVA OCIDENTAL DA ANTIGUIDADE AO SÉCULO XX: ENTRE A LITERATURA E A FILOSOFIA

Autores

  • Marcelo Moraes Caetano Universidade do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.55702/medievalis.v11i2.52457

Palavras-chave:

Tradição gramatical, Antiguidade, Idade Média, Renascença, Século XX

Resumo

Este trabalho apresenta elementos da tradição gramatical ocidental, que se dividiu, na busca de  subsídios para suas gramaticografias, entre a filosofia e a literatura. A correlação entre língua, filosofia e pensamento se processou nos pré-socráticos, nos retóricos e sofistas (séculos VII ao V a.C.), em Sócrates, Platão e Aristóteles (séculos V e IV a.C.), nos estoicos (séc. III a.C.), em grande parte nos escolásticos (séculos XII e XIII) e nos modistas/ especulativos ou gramáticos gerais (séculos XIII e XIV), nos gramáticos filosóficos/racionalistas, como os de Port-Royal (séc. XVII) e Jerônimo Soares Barbosa, na língua portuguesa (séc. XIX). Por outro lado, a busca da literatura como uso correto dos idiomas, clássicos (grego  e latim) ou vernáculos (gramáticas científicas), se deu entre os alexandrinos como Dionísio da Trácia (século II a.C.), Varrão (século I a.C.), o período da renascença (séculos XV e XVI), e, enfim, em gramáticas como as de Nebrija (século XV), Fernão de Oliveira e João de Barros (século XVI). Assim, ao lado de conceber a língua como fenômeno que reflete o pensamento e o raciocínio, e as formas como eles devem ser comunicados, as gramáticas, em sua tradição ocidental, concebem a língua como necessariamente padronizada, tendo a literatura de línguas vernáculas como baliza, a fim de que o pensamento e o raciocínio aludidos possam, também com um viés escrito e normativo, ser expressos.

Biografia do Autor

Marcelo Moraes Caetano, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Professor adjunto de língua portuguesa e filologia românica da UERJ, pós-doutorando em antropologia e Research Fellow da Universidade de Copenhague, Dinamarca, coordenador do programa de estudos do Centro Filológico Clóvis Monteiro (CEFIL/UERJ), membro do PEN Clube Internacional e da Academia Brasileira de Filologia.

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Publicado

2023-04-05

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Seção

Artigos