O tempo em A Demanda do Santo Graal: o exemplo de Lancelot

Autores

DOI:

https://doi.org/10.55702/medievalis.v11i2.54806

Palavras-chave:

A Demanda do Santo Graal, narrativa medieval portuguesa, tempo na narrativa, Lancelot.

Resumo

Investiga o elemento narrativo tempo em A Demanda do Santo Graal, novela de cavalaria originalmente escrita em francês e traduzida para o português em meados do século XIII. Observa a importância do tempo mítico e sua relação com o tempo cronológico e histórico, além de buscar evidências de um possível tempo psicológico na estruturação da novela anônima, tendo em vista a narrativa de Lancelot, personagem libidinosa e que vai contra a casta cavalaria. Analisa, além disso, que a temporalidade presente no enredo, exemplificada pelas ações de Lancelot, contribui para o intuito de cristianização dos receptores da obra, já que a revisitação da Matéria da Bretanha na narrativa ocorreu com fins catequizadores: persuadir os cavaleiros a abandonarem as práticas corteses voltadas para a sensualidade e a se voltarem para a espiritualidade cristã.

Biografia do Autor

Isabella Bermudes Tolentino, Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)

Mestranda em Letras pelo Programa de Pós-graduação em Letras (PPGL) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)

Paulo Roberto Sodré, Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)

Doutor em Letras pelo Programa de Pós-graduação em Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade de São Paulo (USP)

Referências

A DEMANDA do Santo Graal. Edição de Irene Freire Nunes. 2. ed. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 2005.

ABDALA JUNIOR, Benjamin. Introdução à análise da narrativa. São Paulo: Scipione, 1995.

AGOSTINHO. Confissões. Tradução de Maria Luiza Jardim Amarante. São Paulo: Paulus, 1997.

AGUIAR E SILVA, Vítor Manuel de. Teoria da Literatura. 8. ed. Coimbra: Almedina, 2007.

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Edição Pastoral. Tradução: Ivo Storniolo e Euclides Martins Balancin. São Paulo: Sociedade Bíblica Católica Internacional e Paulus, 1990.

BREMOND, Claude; LE GOFF, Jacques; SCHMITT, Jean-Claude. L’Exemplum: typologie des sources du moyen âge occidental. Turnhout: Brepols, 1982.

FORSTER, Edward Morgan. Aspectos do romance. Tradução de Sérgio Alcides. 4. ed. rev. São Paulo: Globo, 2005.

GANCHO, Cândida Vilares. Como analisar narrativas. 7. ed. São Paulo: Ática, 2004.

GUNTZEL, Alessandro. A Igreja e a pregação através das coleções de exempla: divergências entre discurso e prática (Península Ibérica, séc. XIV e XV). Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH. São Paulo, 2011.

HUMPHREY, Robert. Stream of Consciousness in the Modern Novel. Berkeley: University of California, 1954.

JÚDICE, Nuno. Da história ao conto. Fronteiras do real e do imaginário no texto medieval. Limite, n. 2, 2008, p. 17-25.

LAPA, Manuel Rodrigues. A matéria de Bretanha. In: ______. Lições de Literatura Portuguesa: época medieval. 10. ed. rev. Coimbra: Coimbra Ed., 1981, p. 239-291.

LARANJEIRA, Adriano Gonçalves. Representações da mulher no tratado do amor cortês de André Capelão. In: Anais do Encontro Estadual de História: Poder, Cultura e Diversidade, III. Salvador: UESB, 2008.

LE GOFF, Jacques. Na Idade Média: tempo da igreja e tempo do mercador. In: ______. Para um novo conceito de Idade Média: tempo, trabalho e cultura no Ocidente. Lisboa: Estampa, 1979. p. 43-60

LE GOFF, Jacques. O imaginário medieval. Tradução de Manuel Ruas. Lisboa: Estampa, 1994.

LE GOFF, Jacques. O maravilhoso e o cotidiano no Ocidente Medieval. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 1990.

LE GOFF, Jacques. Tempo. In: ______; SCHMITT, Jean-Claude (Coord.). Dicionário temático do Ocidente medieval. Tradução coordenada por Hilário Franco Júnior. São Paulo: Edusc, 2002. 2 v. v. 2, p. 531-541.

MEGALE, Heitor (Org.). A demanda do Santo Graal. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

MEGALE, Heitor. O jogo dos anteparos: a estrutura ideológica e a construção da narrativa. São Paulo: T. A Queiroz, 1992.

MOISÉS, Massaud. A novela. O romance. In: ______. A criação literária: poesia e prosa. São Paulo: Cultrix, 2006. p. 34-381; p. 381-549.

MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. 12. ed. São Paulo: Cultrix, 2004.

MONGELLI, Lênia Márcia. A novela de cavalaria: A demanda do Santo Graal. In: MALEVAL, Maria do Amparo Tavares; MONGELLI, Lênia Márcia; VIEIRA, Yara Frateschi. A literatura portuguesa em perspectiva: Trovadorismo e Humanismo. São Paulo: Atlas, 1992. v. I, p. 55-78.

NUNES, Benedito. O tempo na narrativa. São Paulo: Ática, 1988.

NUNES, Irene Freire. Introdução. In:______. A demanda do Santo Graal. Edição de Irene Freire Nunes. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 2005. p. 7-14.

POUILLON, Jean. O tempo no romance. Tradução de Heloysa de Lima Dantas. São Paulo: Cultrix, 1974.

RAMÓN PENA, Xosé. Manual e antoloxía da literatura galega medieval. Santiago de Compostela: Sotelo Branco, 1992.

ROCHA, Tereza Renata Silva. A Legenda Áurea e o exemplum no contexto da pregação dominicana (séc. XIII). In: ZIERER, Adriana; VIEIRA, Ana Livia Bomfim; ABRANTES, Elizabeth Sousa. Nas trilhas da Antiguidade e da Idade Média. São Luís: editora UEMA, 2014. p. 411-416.

ROSENFELD, Anatol. Texto e contexto. São Paulo: Perspectiva, 1973.

SOUZA, Patrícia Marques de. Illuminatio et Meditation: Os Livros de Horas e a devoção laica na Baixa Idade Média. Tempo de Conquista, v. 21, p. 1-21, 2017.

TERRA, Sandra Salviato. Leituras acerca d’A Demanda do Santo Graal. Disponível em: <http://www.gel.hospedagemdesites.ws/estudoslinguisticos/volumes/32/htm/comunica/ci217.htm?/estudoslinguisticos/volumes/32/htm/comunica/ci217.htm>. Acesso em: 1 de agosto de 2022.

ZIERER, Adriana. Artur: de Guerreiro a Rei-Cristão nas Fontes Medievais Latinas e Célticas. Brathair: Revista de Estudos Celtas e Germânicos, São Luís, v. 2, n. 1, 2002. p. 45-61.

ZIERER, Adriana. Da ilha dos bem-aventurados à busca do Santo Graal: uma outra viagem pela Idade Média. São Luís: Editora UEMA, 2013.

ZIERER, Adriana. Entre o Paraíso e o Inferno: os sonhos n’A Demanda do Santo Graal. In: ______; Ana Livia B. Vieira; Elizabeth Sousa Abrantes (Org.). História Antiga e Medieval. Sonhos, mitos e heróis: memória e identidade. São Luís: Uema, 2015, v. 5, p. 55-78.

ZIERER, Adriana. O Rei Artur e sua apropriação na longa duração, do rei Afonso III, de Portugal a D. Sebastião, o desejado. Revista Graphos, João Pessoa, v. 17, n. 2, 2015.

Downloads

Publicado

2023-04-05

Edição

Seção

Artigos