Uma historicidade do gênero crônica em Portugal - Construindo-se discursos de autoridade
DOI:
https://doi.org/10.55702/medievalis.v12i1.57562Palavras-chave:
Antiguidade, crônicas, discurso, Idade Média, verdadeResumo
Na pretensão de ser registro histórico, as crônicas, de uma longínqua e milenar tradição ocidental, foram elaboradas de modo a exaltar os feitos de deuses, reis e exércitos e heróis procurando a construção de um sentimento de pertencimento ou da nacionalidade. Neste artigo procuramos traçar um caminho que une as crônicas produzidas da Antiguidade representada pelo Egito faraônico até a Idade Média nas características descritas, que constituem-se “discursos de verdade” no falar de Foucault, requerendo para si autoridade de ser história, mesmo incluindo elementos fantásticos como milagres divinos e humanos, suas ações extraodinárias e descritas como memoráveis e inspiradoras. Nesses textos percebemos ter aqueles pontos em comum, de serem basicamente relatos de exaltação de atos de intervenção divinos e vitórias de monarcas e soldados excelentes nas batalhas. Intentamos, por isso, mostrar um percurso da produção cronística nesses muitos séculos de tradição no gênero para mostrar as semelhanças entre os textos, que buscam glorificar, com objetivo político-ideológico, o poder régio sobre a nações.Referências
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