Clemence of Barking
reformulando a lenda de Santa Catarina de Alexandria
DOI:
https://doi.org/10.55702/medievalis.v13i2.63402Palavras-chave:
Autoria feminina, Hagiografia, Santa Catarina de Alexandria, Clemence de Barking, Literatura medievalResumo
Clemence de Barking, freira e escritora de um convento Beneditino na Inglaterra Normanda do século XII, reformula na sua versão em francês antigo da Vida de Santa Catarina de Alexandria a lenda latina da santa para um público medieval contemporâneo. Clemence utiliza o exemplo de uma mulher do passado, cujo discurso poderoso e letrado foi sancionado pela autoridade patriarcal, com o fim de legitimar seu próprio uso das palavras como escritora. Enquanto os redatores homens que escreviam em francês antigo durante a Idade Média Central minimizavam de diferentes formas os poderes do discurso de Catarina, Clemence estabelece um paralelo entre si e a sua heroína do século IV, que concede autoridade para o uso que Clemence faz das palavras e a situa como a herdeira legítima dos seus poderes discursivos. Embora a decapitação de Catarina a silencie, outra mulher, Clemence, dá continuidade ao legado de discurso feminino criado pela santa e o registra na sua escrita. Este artigo explora o uso que Clemence faz dessa figura do passado como uma forma de estabelecer um espaço legitimado para si mesma em uma esfera de criação literária dominada por homens.
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