A Loucura como desconstrução do herói
Uma análise filosófica e psicanalítica da Pazzia di Orlando em Ariosto
DOI:
https://doi.org/10.55702/medievalis.v13i2.69062Palavras-chave:
Loucura. Desejo. Escrita. Desconstrução. Renascimento.Resumo
Este artigo investiga a representação da loucura em Orlando Furioso (ARIOSTO, 1532), com enfoque nos cantos XXIII e XXIV, nos quais o protagonista, Orlando, sucumbe ao furor amoroso. A análise adota uma perspectiva interdisciplinar, articulando filosofia, psicanálise (FREUD, 1915) e literatura renascentista para examinar como a loucura desestabiliza a identidade cavaleiresca e revela contradições no conceito de heroísmo. A hipótese central sustenta que a pazzia di Orlando constitui uma desconstrução radical da subjetividade (DERRIDA, 1967), mediada pela escrita e pela materialidade dos signos. Metodologicamente, o estudo combina close reading (BARTHES, 1973) com teorias psicanalíticas sobre negação e desejo (FREUD, 1925), além de diálogos com a filosofia antiga (PLATÃO, 380 a.C.; ARISTÓTELES, 335 a.C.) e contemporânea (AGAMBEN, 1998). Os resultados demonstram que a loucura, em Ariosto, opera como crítica à racionalidade humanista, expondo a fragilidade dos ideais cortesãos. Conclui-se que a obra antecipa questões modernas sobre a dissolução do eu, oferecendo uma reflexão precursora sobre a relação entre amor, linguagem e violência.
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