Chamada de artigos - Metamorfoses 22.2
Aquém e além do 25 de Abril: 50 anos das independências dos países africanos de língua oficial portuguesa
No ano de 2024 comemoraram-se os 50 anos da Revolução dos Cravos, movimento conduzido pelos militares portugueses descontentes com a guerra colonial que já se estendia no continente africano por mais de 10 anos. No âmbito desta comemoração, foram organizados diversos eventos e celebrações para que fosse lembrado o esforço coletivo para dar fim ao salazarismo. A literatura, de diferentes modos, se construiu como crítica ao fascismo, colocou em cena o drama dos retornados, as utopias e distopias que se seguiram após o acontecido. Em 2025, comemoramos os 50 anos dos levantes de quatro das ex-colónias portuguesas que proclamaram sua independência um ano após o 25 de abril – lembrando também o vanguardismo da Guiné-Bissau, que realizou sua independência antes mesmo de 1974. Tal cenário pode aparentar uma relação de causalidade entre o evento de abril e a derradeira emancipação das colônias em África. Porém, o que propomos é uma (re)leitura da história, como coloca Walter Benjamin, a contrapelo. É preciso ultrapassar a retórica historiográfica tradicional que apontava, apenas por critérios cronológicos e lineares, a relação de causa e consequência entre o movimento revolucionário em Portugal e o fim da colonização no continente africano. Isso significa que este número da Metamorfoses almeja (re)contar a história não somente pela perspectiva dos vencidos, mas dos que efetivamente venceram o fascismo colonial em África após 10 anos de resistência e pressão militar. Assumir essa perspectiva epistemológica que reconhece as independências em África não só como consequência da luta em Portugal, mas como motor desse acontecimento histórico significa reconhecer o protagonismo dos movimentos nacionalistas nesses 5 países seu papel como reais agentes do processo histórico. Assim, convidamos pesquisadores que se debruçam sobre esses processos a enviar textos que reflitam não só a respeito daquelas gerações que se fizeram em torno das utopias, como a geração Mensagem em Angola, por exemplo, mas também sobre autores que viveram a nova realidade pós-independência e passaram a pensar criticamente o que de fato seriam as novas identidades nacionais para além do que o projeto colonial impôs a esses territórios.
Editores convidados: Vanessa Ribeiro Teixeira (UFRJ), João Machado (UFRJ/CNPQ), Marlon Augusto Barbosa (UFF)
Prazo para submissão: 31/05/2025