MURRAY, Roseana & AMORIM, William. Gatos. São Luís do Maranhão, Ed. Viegas, 2019. Habitar os olhos de um gato
DOI:
https://doi.org/10.35520/metamorfoses.2020.v17n1a44002Palavras-chave:
Literatura portuguesa,Resumo
Habitar os olhos de um gato não é, nunca foi, e jamais será uma experiência da ordem dosimplório. Porque para que um ser humano logre viver nos globos oculares de um felino faz-se
inicialmente necessário que ele, enquanto sujeito, anele tornar-se agente de perscrutação da sua
própria sombra, no intento de vislumbrar, quiçá, a sua claridade interior. Gatos são animais
independentes, misteriosos, místicos: luz e trevas que emanam de corpos que se movimentam
em ziguezague, lascivos e inebriantes, em estésicas dobras de linguagem. Não é por acaso que
eles tanto fascinaram – e não cessam de fascinar – os poetas! Enfrentar os nossos gatos internos
é, com efeito, uma tentativa de autoconhecimento que o poema de Fernando Pessoa, inscrito na
epígrafe, bem sinaliza. Ou, nas palavras mais contemporâneas de Nise da Silveira, “O gato é
um ser essencialmente livre e essa liberdade desafia o homem”. Eis a reflexão de abertura do
livro Gatos, publicado a quatro mãos por Roseana Murray e William Amorim pela Editora
Viegas, de São Luís do Maranhão, em 2019.
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2021-06-06
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