Borges e a tautologia da escrita
DOI:
https://doi.org/10.35520/metamorfoses.2021.v17n2a47285Resumo
O ano da morte de Ricardo Reis (1984), de José Saramago, carrega dentro de si todo um universo tomado de empréstimo e recriado: personagens ficcionais, escritores e outras figuras históricas, ruas e cores de quase um século atrás. O presente trabalho busca explorar essa conjunção de tempos, escritas e mesmo gêneros diferentes por meio da análise do diálogo diegético e discursivo que o romance estabelece com a obra de Jorge Luis Borges. Entende-se que O ano opera à maneira de Borges, recorrendo não apenas a elementos da obra do escritor argentino como também a um certo estilo borgiano para tratar do heterônimo que elege como protagonista. A referência borgiana recuperada servirá ainda à crítica da História que o livro empreende pela confrontação de Ricardo Reis, ao mesmo tempo em que se revela emblemática de uma consciência ficcional e teórica do narrador, que metalepticamente se faz notar, sublinhando aquela presença e interpelando o seu leitor. À reflexão histórica e intertextual que esse diálogo enseja soma-se, portanto, uma reflexão narratológica, sendo Borges um nome incontornável de um modo de escrita literária que toma a si mesma como objeto e que consegue fazer do já dito e do incessantemente repetido matéria nova.Downloads
Publicado
2022-01-04
Edição
Seção
Artigos
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