A narrativa autorreflexiva de José Saramago em Ensaio sobre a cegueira
DOI:
https://doi.org/10.35520/metamorfoses.2021.v17n2a47288Resumo
O presente trabalho objetiva realizar uma leitura do romance Ensaio sobre a cegueira (1995), de José Saramago, abordando o processo de autorreflexividade que permeia toda a obra e que compõe a lista das características atribuídas aos romances pós-modernos. A narrativa autorreflexiva questiona a função da escrita e o fazer literário revisando o conforto do pacto ficcional estabelecido entre o leitor e a obra de ficção. Apesar de não ser um artifício novo na literatura, no Ensaio sobre a Cegueira temos um processo deliberado de construção que desencadeará no surgimento do autor-narrador, que não assume posição narrativa definitiva, o que dificulta a leitura da obra por um viés tradicional de focalização da narrativa. Para realizarmos a pesquisa utilizamos os estudos teóricos de Lyotard (2011), Hall (2005), dentre outros, para discutir a pós-modernidade como um novo momento sócio-político-cultural. Posteriormente, estreitamos o debate nos apoiando nos trabalhos de Hutcheon (1991) e Arnaut (2002), apresentados em diálogo com Cerdeira da Silva (1989) e Booth (1980) para a elaboração do conceito de autor-narrador e de narrador flutuante. Verifica-se que essas características, embora abordadas separadamente, concorrem para a fragmentação da narrativa e para sua leitura como uma obra pós-modernista.Downloads
Publicado
2022-01-04
Edição
Seção
Artigos
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