Cadernos de Lanzarote e As pequenas memórias: José Saramago e as interações entre diário e memória

Autores

  • Margarete Santos

DOI:

https://doi.org/10.35520/metamorfoses.2021.v17n2a47301

Resumo

Neste artigo apresenta-se uma reflexão retomando aspectos pertinentes à escrita autobiográfica nos Cadernos de Lanzarote de José Saramago, correspondentes ao período de 1993 até 1997, conectando elementos memorialísticos prenunciadores de sua obra As pequenas memórias, publicada em 2006. No caso, os registros cotidianos que caracterizam o modelo dos diários são marcados por elementos de subjetividade quando, em muitos momentos, o autor recorda sua infância e sua relação com a família refletindo sobre o presente e revelando a pretensão de converter suas lembranças em uma obra de base memorialística.  Dessa forma, constrói-se uma relação entre a escrita de si nos diários e suas conexões literárias guiadas pelo espaço da memória integrando passado (sua infância e origem familiar), presente (os relatos cotidianos dos diários) e futuro (a inspiração para as memórias) que se justificam nas próprias reiterações feitas pelo autor nos diários. Assim, os Cadernos apresentam marcas subjetivadas extrapolando a condição meramente autobiográfica ao configurar uma narrativa sublimada por suas recordações. Nesse intuito, a investigação traz um breve paralelo entre a escrita de si e o espaço da memória como condição de criação literária ao interligar os Cadernos de Lanzarote e As pequenas memórias.

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Publicado

2022-01-04