Cadernos de Lanzarote: a escrita dos diários como aprendizado do exílio
DOI:
https://doi.org/10.35520/metamorfoses.2021.v17n2a47302Resumo
O presente artigo analisa os diários de José Saramago, intitulados Cadernos de Lanzarote, como documentos de aprendizado do exílio, mantidos durante os anos em que o escritor se exilou voluntariamente na ilha espanhola que dá nome à obra, motivado pela mágoa contra o governo português, o qual havia proibido o romance O evangelho segundo Jesus Cristo de concorrer ao Prêmio Literário Europeu. Adota como referencial teórico o pensamento de Edward Said (2003; 2005) sobre o tema do exílio, e de Philippe Lejeune (2014), Béatrice Didier (1991) e Rodrigo Xavier (2013) sobre o diário como gênero. O artigo mapeia excertos dos Cadernos de Lanzarote que revelam de modo mais evidente o sentimento de exílio, assinalando que, no caso de Saramago, a saída de Portugal foi um ato de liberdade e que os diários representam um exercício de reconstrução da vida longe da pátria. Suas páginas contêm críticas do escritor ao seu país, mas também afirmações de apreço e forte ligação a Portugal. Também corroboram a leitura dos Cadernos como escrita do exílio os trechos nos quais Saramago reflete sobre sua nova relação com Lanzarote, em expressões de gratidão e admiração.Downloads
Publicado
2022-01-04
Edição
Seção
Artigos
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