Escre(ver) no romance Em nome da terra, de Vergílio Ferreira

Autores

  • Mariana Marques de Oliveira UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.35520/metamorfoses.2015.v13n2a5089

Resumo

A primeira linha deste texto coincidirá com a primeira linha do romance Em nome da terra: “Querida. Veio-me hoje uma vontade enorme de te amar. E então pensei: vou-te escrever” (ENT, p. 9).1 Note-se que em lugar do sofrimento pela perda, da saudade, da falta, “a vontade de amar” ocupa o lugar central, como elemento motivador para a escrita, reforçado pelo voluntarismo assumido pelo amante. Assim, no despontar do processo escritural, as duas ações são harmonizadas em equação: o ato de amar passa a se relacionar diretamente ao ato de escrever. Aliás, é necessário destacar que o vocativo dado a Mónica, “Querida”, não à toa recorrente até o fim do romance, é o particípio de um verbo pertencente ao campo semântico do desejo: querer. Por poder assumir duas funções sintáticas distintas, o uso do pronome oblíquo “te”, utilizado na expressão “vou-te escrever”, abre caminho para duas leituras: a do pronome “te” como objeto direto, ou como objeto indireto. 

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Publicado

2016-11-10