Resumo
O artigo favorece uma abordagem ainda pouco explorada, nos estudos pessoanos, da prática dramatúrgica de Fernando Pessoa. Propõe-se, assim, a investigação dos elementos cênicos, e não apenas literários, que se inscrevem nos dramas estáticos escritos por ele. Para tanto, o texto focalizará o “drama estático em um quadro” O marinheiro, evidenciando, em um primeiro momento, não apenas a sintonia dessa peça com algumas das mais arrojadas práticas cênicas em voga nos palcos europeus desde o fim do século xix até o início do século xx, mas também salientando em que medida aquele drama, tantas vezes descrito como “pouco teatral”, se acomoda a práticas cênicas difundidas apenas a partir dos anos 1950. Em um segundo momento, o artigo discutirá brevemente uma tão recente quanto crucial opção de leitura, por Filipa de Freitas e Patricio Ferrari, de expressão presente no mais conhecido fragmento manuscrito em que o escritor português conceitua o teatro estático. Por fim, a forma como Pessoa lida em algumas de suas peças com a noção de marionete será examinada à luz de Heinrich von Kleist, Maurice Maeterlinck e Rainer Maria Rilke.
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