Boa noite, Senhor Soares: do desassossego solitário à aventura do amor
Resumo
Esta comunicação pretende observar como a prática amorosa textualizada por Mário Cláudio em Boa noite, senhor Soares atualiza um prazer já vivido através da releitura poética dos fragmentos do Livro do desassossego. Mário Cláudio, leitor apaixonado de Fernando Pessoa e de tantos outros artistas que elegeu como objetos de sedução, parece ter estabelecido com cada um deles um pacto particular de fidelidade que o impele à escrita biográfica como modo de revisitação e de empatia. Na novela Boa noite, senhor Soares, o escritor transita entre a pesquisa e a recriação, a partir da autobiografia sem factos de Bernardo Soares, não lhe sendo possível outra escolha senão a de optar pela ficção, no desejo de criar uma figura de romance. Fazendo do diálogo intertextual um gesto de metamorfose, Mário Cláudio desloca a voz narrativa, que antes pertencia a Bernardo Soares, para um personagem absolutamente secundário na escrita pessoana, o “moço do escritório”, que ganha nome e sobrenome (António da Silva Felício), voz e laços familiares, incorporando não apenas a função de narrador, mas sobretudo a do sujeito seduzido pelo solitário semi-heterônimo.
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