O desencantamento educacional em Lima Barreto a partir de um olhar sobre as Recordações do escrivão Isaías Caminha e Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá
DOI:
https://doi.org/10.35520/metamorfoses.2024.v21n2a62662Resumo
Neste artigo buscamos analisar como a mobilidade social mediada por vias educacionais foi tratada pelo escritor fluminense Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922) em dois de seus romances, a saber, Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909) e Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá (1919). Previamente, pudemos observar que a via educacional foi refletida por Lima Barreto como um processo sem efetividade, no que concerne as garantias de inserção do sujeito na condição de cidadão com plenos direitos. Tal percepção foi se consolidando por meio do reconhecimento da força que as hierarquias raciais tiveram nas relações sociais e na conformação da sociedade em múltiplas esferas. Para estabelecer uma análise de cunho sociológico a partir destes trabalhos ficcionais, balizamos o tratamento dos textos a partir da proposta metodológica filiada a sociologia da literatura do sociólogo Antonio Candido, por meio de sua crítica integradora que nos orientou na busca da realidade social recriada e reduzida no interior dos textos literários de Lima Barreto. Assim, a articulação entre texto e contexto representou um movimento indispensável para a execução do trabalho aqui apresentado. Por fim, como sugerimos no título do artigo a palavra “desencantamento”, a nosso ver, não inviabiliza ou significa dizer que para o escritor a educação não tivesse valor em si, mas em última análise, apenas realça a triste observação do escritor, de que a educação não possuía efeito prático no melhoramento da vida da população negra no contexto político, econômico e social conturbado da Primeira República brasileira (1889-1930).
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