Desenterrando O cemitério dos vivos: um estudo comparativo entre Rosalía de Castro e Lima Barreto

Autores

  • Dylan Blau Edelstein Princeton University

DOI:

https://doi.org/10.35520/metamorfoses.2024.v21n2a62855

Resumo

No poema “Santa Escolástica”, publicado em 1884 no livro En las orillas del Sar, a autora galega Rosalía de Castro utiliza a imagem do “cementerio de los vivos”, como meio de retratar a solidão e a inospitalidade de uma cidade periférica espanhola, após um êxodo massivo de trabalhadores e artistas da região. Quase quatro décadas depois, o escritor carioca Lima Barreto retoma essa mesma metáfora em seu romance inacabado O cemitério dos vivos, escrito a partir de diários compostos enquanto internado entre 1919 e 1920 no Hospital Nacional de Alienados, no Rio de Janeiro. A coincidência terminológica é explorada como ponto de partida para uma comparação improvável, entre dois autores provindos de contextos muito diferentes. Ao reconstruir a história da frase “cemitérios dos vivos”, este ensaio recupera textos publicados em espanhol, português, inglês e francês, desde o século XVII, iluminando assim o como e o porquê desses autores empregarem a mesma imagem para dar nome ao lugar que os oprime, enquanto, paradoxalmente, serve como refúgio criativo.

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Publicado

2025-01-16

Edição

Seção

O legado de Lima Barreto