O abismo e os seus desdobramentos em O cemitério dos vivos
DOI:
https://doi.org/10.35520/metamorfoses.2024.v21n2a62897Resumo
RESUMO:
Este artigo pretende investigar de que modo o romance inacabado O cemitério dos vivos, de Lima Barreto, relaciona-se à poética do abismo, de Édouard Glissant, no capítulo “A barca aberta”, do livro Poética da relação (2021). O abismo é retratado por Glissant como experiência aterradora vivida pelos povos africanos e americanos que sofreram todo tipo de horror e de violência, ao longo da história das américas, devido aos processos colonizadores que, apresentando formatos diferentes, a partir do final do século XIX, se mantiveram na base da modernidade. Em O cemitério dos vivos, o hospício é metaforizado como abismo, lugar de desterro e de quase morte em vida. Nessa perspectiva, nota-se que o narrador constrói relações de sentido entre a experiência no hospício e as marcas da escravidão no Brasil, ambas problematizadas na narrativa como experiências abissais promovidas pela realidade histórica, cultural e política da sua época. Sendo assim, o abismo, de Glissant é representado, em O cemitério dos vivos, no relato da internação no hospício e nos seus desdobramentos, que metaforizam e resgatam a memória da escravidão no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: Lima Barreto, hospício, escravidão, memória, abismo.
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