A “Questão Militar”: indisciplina e crise política em meio à crise hegemônica imperial (1868-1889)
Palavras-chave:
Questão Militar, Crise do Império, Crise de hegemoniaResumo
Durante a segunda metade do século XIX, a crise do sistema escravista funcionou como golpe certeiro nos alicerces políticos e econômicos do regime imperial brasileiro. Em conjunto com demandas cada vez maiores de parte da classe dos proprietários agrários e de parcelas urbanas crescentes e com anseios modernizantes, o progressivo movimento pelo fim do trabalho escravo marcou o declínio das bases que compunham a hegemonia escravista imperial. Data da década de 1880 a série de episódios que, durante a crise do Império, opôs parcelas militares e o governo − a chamada Questão Militar. Este artigo tem por objetivo apresentar reflexões sobre a natureza da crise que pôs fim ao regime monárquico à luz da perspectiva de “crise de hegemonia”. Da mesma forma, pretende-se apresentar a Questão Militar como parte integrante da crise hegemônica imperial, uma vez que parcelas das forças armadas que, de acordo com Antonio Gramsci, compõem por natureza a chamada sociedade política, passam a se opor ao regime dentro do aparato estatal do qual são parte integrante. Esta oposição de determinada parcela orgânica do “Estado restrito”, mais especificamente a que detêm o monopólio legal da repressão e da violência, surge como mais um indício da crise de hegemonia do Estado imperial.Referências
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