DAS VELHAS PRATICANTES DE MAGIA DA LITERATURA LATINA ÀS BRUXAS MÁS DOS CONTOS DE FADAS
DOI:
https://doi.org/10.26770/phoinix.v30n1a2Palavras-chave:
Bruxas, Imaginário, Poesia latina, Contos maravilhososResumo
Com a criação das personagens bruxas do poeta latino Horácio (século I AEC), vemos despontar uma nova tradição literária em relação ao perfil das praticantes de magia: o da mulher velha, pobre e feia. A partir de então, será comum na literatura latina um modelo de bruxas muito diferente das belas e sensuais gregas, como Circe e Calipso, por exemplo. Em relação às feiticeiras latinas, podemos citar ainda: a lena Dipsas de Ovídio (Amores, I, 8); Proselenos, do Satyricon (132-137) de Petrônio; e Ericto, da Farsália (6, 558-559) de Lucano. A partir dessas informações, este texto objetiva perceber a recorrência de um imaginário presente nos contos maravilhosos, onde as personagens feiticeiras se fazem presentes. Analisaremos alguns contos dos irmãos Grimm e de Charles Perrault, material que desempenhou e continua a desempenhar um papel importante no processo de reelaboração do imaginário popular para a figura da bruxa tanto em textos, quanto em obras de arte e em filmes. Buscamos, com isso, mostrar como, independentemente do gênero do praticante em si da magia, temos a construção destas práticas negativas ligadas ao universo feminino desde a Antiguidade.
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