A Experiência de Consumidores com Baixo Letramento em Redes Sociais e Comunicadores Instantâneos: um Estudo Exploratório
DOI:
https://doi.org/10.21446/scg_ufrj.v13i3.13521Keywords:
Analfabetismo Funcional, Baixo Letramento, Consumidores em Desvantagem, Vulnerabilidade do Consumidor, Redes Sociais.Abstract
Dados do Ibope e do Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf) de 2012 revelam que, no Brasil, existem aproximadamente 14 milhões de analfabetos absolutos e um pouco mais de 35 milhões de analfabetos funcionais. Segundo estatísticas, o Brasil é o terceiro país do mundo em tempo gasto na internet, sendo mais da metade em mídias sociais. Nesse contexto, as atividades diárias se direcionam a comunicações baseadas em texto, e a falta de capacidade de leitura e escrita torna-se obstáculo ainda mais significativo para os adultos que apresentam nenhum ou baixos níveis de letramento. Grande parte da literatura de marketing está focada em consumidores alfabetizados, deixando lacunas acerca de como analfabetos absolutos ou funcionais se comunicam nesse contexto mercadológico. Dessa forma, esta pesquisa procurou responder à seguinte indagação: como se configura a experiência de uso e consumo das redes sociais e comunicadores instantâneos por indivíduos com baixo letramento? Para tal, realizou-se um estudo qualitativo exploratório, baseado em entrevistas com 22 adultos com Ensino Fundamental incompleto. Por meio dos resultados obtidos, foi possível perceber a estigmatização sofrida por esses indivíduos devido às suas limitações, assim como as estratégias de combate adotadas por eles, como a preferência por postagem de fotos e mensagens de voz. Pode-se sugerir que as novas formas de comunicação instantânea promovem certa liberdade para se cometer erros de gramática ou de pontuação que, muitas vezes, são atribuídos ao corretor automático dos dispositivos móveis. Outra evidência do baixo letramento é a preguiça de ler e escrever nas redes e nos comunicadores; o que os usuários chamam de “textos grandes” são, na verdade, considerados curtos segundo estudiosos de analfabetismo funcional no Brasil.
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