v. 2 n. 2 (2019)
Artigos

Reverberações de um poema inacabado: do Grande Inquisidor às distopias do século XX

Lucas Laurentino de Oliveira
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Biografia

Publicado 2019-04-30

Resumo

O objetivo do artigo é investigar como os problemas postos por Dostoiévski na “Parábola do Grande Inquisidor”, presente em Os Irmãos Karamázov (1881) adquirem importantes e por vezes inesperadas ressonâncias em ao menos três distopias do século XX: 1984, de George Orwell, Fahrenheit 451, de Ray Bradbury e Eu, Robô, de Isaac Asimov. Identifica-se como principal problema posto em relevo na obra dostoievskiana o da liberdade humana e suas consequências. Tal problema é apresentado em maior ou menor grau nas demais obras analisadas, o que garante uma espécie de continuidade do assunto, sendo levada para direções diversas, seja a política totalitária de Orwell e sua teoria do poder, seja a da indústria cultural de Bradbury e sua sociedade espetacularizada, seja a da ficção científica de Asimov e a sua técnica alçada às últimas consequências. Além disso, procura-se identificar em outro romance de Dostoiévski, Os Demônios (1871), os sinais dessas mesmas preocupações de viés distópico a partir da teoria do personagem Chigalióv. 

Palavras-chave: Dostoiévski; Distopias; Grande Inquisidor

Referências

  1. ARENDT, Hannah. “Uma sociedade sem classes”. In: ________. Origens do totalitarismo. Trad. Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. pp. 355-389.
  2. ASIMOV, Isaac. Eu, robô. Trad. Luis Horácio da Matta. 2. ed. São Paulo: Edibolso, 1976.
  3. BRADBURY, Ray. Fahreheit 451: a temperatura na qual o papel do livro pega fogo e queima. Trad. Cid Knipel. 2. ed. São Paulo: Globo, 2012.
  4. DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Os Irmãos Karamázov. Trad. Paulo Bezerra; Ilustrações: Ulysses Bôscolo. v.1. São Paulo: Ed.34, 2008.
  5. _________________. Os Demônios. Trad. Paulo Bezerra; Desenhos: Claudio Mubarac. 5. ed. São Paulo: Ed.34, 2013.
  6. ORWELL, George. 1984. Trad. Alexandre Hubner e Heloisa Jahn. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.