Reverberações de um poema inacabado: do Grande Inquisidor às distopias do século XX
Abstract
O objetivo do artigo é investigar como os problemas postos por Dostoiévski na “Parábola do Grande Inquisidor”, presente em Os Irmãos Karamázov (1881) adquirem importantes e por vezes inesperadas ressonâncias em ao menos três distopias do século XX: 1984, de George Orwell, Fahrenheit 451, de Ray Bradbury e Eu, Robô, de Isaac Asimov. Identifica-se como principal problema posto em relevo na obra dostoievskiana o da liberdade humana e suas consequências. Tal problema é apresentado em maior ou menor grau nas demais obras analisadas, o que garante uma espécie de continuidade do assunto, sendo levada para direções diversas, seja a política totalitária de Orwell e sua teoria do poder, seja a da indústria cultural de Bradbury e sua sociedade espetacularizada, seja a da ficção científica de Asimov e a sua técnica alçada às últimas consequências. Além disso, procura-se identificar em outro romance de Dostoiévski, Os Demônios (1871), os sinais dessas mesmas preocupações de viés distópico a partir da teoria do personagem Chigalióv.
Palavras-chave: Dostoiévski; Distopias; Grande Inquisidor
References
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