v. 4 n. 5 (2022)
Artigos

A ALTERNÂNCIA GENITIVO-ACUSATIVO EM CONSTRUÇÕES TRANSITIVAS COM POLARIDADE POSITIVA EM RUSSO

Ana Beatriz Barreto dos Santos
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Biografia

Publicado 2022-12-23

Resumo

O fenômeno de alternância genitivo-acusativo já é vastamente estudado na língua russa, principalmente no que tange às construções de polaridade negativa. Tendo como base resultados obtidos para construções com polaridade positiva na escrita, este trabalho visa observar se o que foi constatado para essas estruturas estaria também ocorrendo na fala. Desse modo, esta análise parte das hipóteses de que, na fala, o acusativo, por ser uma inovação, estaria mais disseminado; que a alternância genitivo-acusativo estaria condicionada ao verbo utilizado; e que os fatores de individualização do objeto, como, por exemplo, a animacidade, estariam influenciando na escolha de caso da mesma forma que foi constatado para os dados de escrita. Para tanto, foi feita uma análise quantitativa sobre um conjunto de três verbos tradicionalmente regidos por genitivo: slušat’sja (obedecer); bojat’sja (temer); dostigat’ (alcançar). Os resultados obtidos foram analisados conforme a teoria linguística da Gramática de Construções Baseada no Uso. Com isso, constatou-se que o verbo utilizado exercia significativa influência na escolha de caso, tendo slušat’sja (obedecer) apresentado uma maior preferência pelo acusativo, o qual compôs a maior parte das ocorrências desse verbo. Além disso, constatou-se também que alguns fatores relacionados à individualização do objeto estariam exercendo significativo impacto na alternância.

Referências

  1. BARLOW, M.; KEMMER, S. A Usage-Based Conception of Language. Series B: Applied and Interdisciplinary Papers. Essen: LAUD, 2000.
  2. BECKNER, C. et al. Language is a Complex Adaptative System: Position paper. Language Learning, Ann Arbor, v. 59, p. 1-26, 2009. Supl. 1.
  3. BORSCHEV, V.; PARTEE, B. The Russian genitive of negation: Theme-Rheme structure or perspective structure?. Journal of Slavic Linguistics, Bloomington, v. 10, n. 1/2, p. 105-144, 2002.
  4. BYBEE, J. Language, usage and cognition. Nova York: Cambridge University Press, 2010.
  5. DIESSEL, H. The grammar network: how linguistic structure is shaped by language use. Nova York: Cambridge University Press, 2019.
  6. FESENKO, V. Accusative/genitive under negation in Russian: from syntactic marking to semantics. Basic Research Program Working Papers, Moscou, 2017.
  7. KAGAN, O. Genitive objects, existence and individuation. Russian Linguistics, Berlim, v. 34, n. 1, 2010.
  8. LEVSHINA, N. How to do linguistics with R: data exploration and statistical analysis. Amsterdã: John Benjamins Publishing Company, 2015.
  9. MARQUES, P. M.; ALONSO, K. S.; PINHEIRO, D. O. Do signo à construção: o legado saussuriano e as abordagens construcionistas da gramática. Gragoatá, Niterói, v. 22, n. 44, p. 1149-1171, set./dez. 2017.
  10. MUSTAJOKI, A.; HEINO, H. Case Selection for the Direct Object in Russian Negative Clauses Part II: Report on a Statistical Analysis. Helsinque: Slavica Helsingiensia, 1991. v. 9.
  11. NESSET, T.; KUZNETSOVA, J. Constructions and language change: From genitive to accusative objects in Russian. Diachronica, Amsterdã, v. 32, n.3, p. 365-396, 2015.
  12. PADUCHEVA, E. Genitiv dopolnenija v otritsatel’nom predlojenii. Voprosy jazykoznanija, Moscou, n. 6. p. 21-43, 2006.
  13. TIMBERLAKE, A. Hierarchies in genitive of negation. The Slavic and East European Journal, Los Angeles, v. 19, n. 2, p. 123-138, 1975.
  14. TIMBERLAKE, A. A Reference Grammar of Russian. Nova York: Cambridge University Press, 2004.