Vol. 4 Núm. 4 (2022)
Artigos

Dostoiévski e a vitória das visões de mundo

Claudia Drucker
Universidade Federal de Santa Catarina

Publicado 2022-05-15

Resumen

O artigo discute a atualidade da polêmica que Dostoievski trava com a doutrina niilista na novela Memórias do subsolo.  Niilistas, no sentido russo, são os jovens de vanguarda que sustentam um tipo de socialismo científico, ou melhor, tecnocrático.  Dostoiévski explica a síntese niilista, que visa demonstrar como a justiça, a virtude, os afetos e a racionalidade cooperam em perfeita harmonia, e formula objeções. A crítica de Dostoiévski aos regimes tecnocráticos e burocráticos, não importa quão bem-intencionados sejam, soam hoje bem já conhecidas, pois foram adotadas seguidamente pela posteridade.  No artigo se sugere que a polêmica de Dostoiévski é parcialmente independente de um conteúdo específico.  A caracterização do niilismo aponta a possibilidade de surgirem novas visões de mundo de base não mais claramente religiosa ou científica, e de o debate público ser dominado por posições inconciliáveis.

Citas

  1. Bakhtin, Mikhail. Problemas da poética de Dostoiévski. Paulo Bezerra (trad.). 2a. edição. Rio de Janeiro: Forense, 1997.
  2. Beiser, Frederick. The German Historicist Tradition. Nova York: Oxford University Press, 2011.
  3. Drouin, J.-M. (1992), “ L’image des sociétés d’insectes en France à l’époque de la Révolution”, Revue de Synthèse, IV: 333-345.
  4. Feuerbach, L. A essência do Cristianismo. Introdução: A essência do homem em geral”, p. 1. Leipzig: Otto Wiegand, 1841.
  5. Kaufmann, Walter (org.) Existentialism from Dostoevsky to Sartre. Nova York: Meridian, 1956. Nicolaï Tchernychevski. Que faire? Trad. Dimitri Seseman. Paris: Éditions des Syrtes, 2000.
  6. Ponsetto, A.. Genesi dell'idea di Weltanschauung e recupero dell'idea originaria di filosofia. Idee, North America, 26, dez 1994.
  7. Sales, Denise Regina de. A sátira de Saltykóv-Schedrin em História de uma Cidade. 2010. Tese (Doutorado em Literatura e Cultura Russa) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011, p. 265. doi:10.11606/T.8.2011.tde-15092011-134400. Acesso em: 2022-01-21.