O bosque na Literatura latina: respeito ou violações ao sagrado

Autores

  • Matheus Trevizam FALE-UFMG

DOI:

https://doi.org/10.25187/codex.v11i1.54924

Palavras-chave:

religião romana, bosque, escrúpulos, deuses, violação

Resumo

Neste artigo, reunimos alguns trechos de diferentes autores latinos, de Catão, o Velho, até Lucano, poeta da Farsália. Nosso objetivo, a partir desses testemunhos, é comentar como, quase sempre, os romanos antigos tiveram como sagrados alguns tipos de espaços naturais. Nessa categoria se enquadram os bosques, muitas vezes venerados ou temidos como moradas de deuses ou deusas cujo poder poderia agir em benefício ou prejuízo dos seres humanos. A crença em tal tipo de interação entre o divino e a Natureza levou os representantes desse povo, muitas vezes, a venerar e ter escrúpulos diante dos espaços silvestres. Um representante típico dessa postura de respeito é Catão, que em sua obra Da agricultura recomenda, em vários capítulos, fazer preces, sacrifícios de expiação etc. antes do corte da madeira dos bosques. Mas há, ainda, em trechos pontuais das obras de Virgílio e da Farsália, exemplos de indivíduos (como o agricola virgiliano e Caio Júlio César) a agredirem os bosques, com consequências ruins.

Biografia do Autor

Matheus Trevizam, FALE-UFMG

Professor de Língua e Literatura Latina da FALE-UFMG.

Pós-doutorando no IEL-Unicamp.

Referências

AUGOUSTAKIS, Antony. Cutting down the grove in Lucan, Valerius Maximus and Dio Cassius. The Classical Quarterly, Cambridge, vol. 56, issue 02, p. 634-638, December 2006.

BENVENISTE, Émile. Le vocabulaire des Institutions indo-européenes: 2. pouvoir, droit, réligion. Paris: Les Éditions de Minuit, 1969.

BORNECQUE, Henri; MORNET, Daniel. Roma e os romanos. Trad. Alceu Dias Lima. São Paulo: E.P.U., 2002.

BRANDÃO, Junito. Dicionário Mitico-Etimológico da Mitologia e da Religião Romana. Petrópolis: Vozes, 1993.

BURKERT, Walter. Greek Religion: Archaic and Classical. Malden (MA)/Oxford: Wiley-Blackwell, 1977.

CARROLL, P. M. “The sacred places of the immortal ones”: ancient Greek and Roman sacred groves. In: WOUDSTRA, J.; ROTH, C. (org.). A History of Groves. London: Routledge, 2017, p. 2-20.

CATON. De l’agriculture. Texte etabli, traduit et commenté par Raoul Goujard. Paris, Les Belles Lettres, 1975.

CONTE, Gian Biagio. The inventory of the world: form and nature of encyclopedic project in the work of Pliny the Elder. In: CONTE, Gian Biagio. Genres and readers: Lucretius, love elegy, Pliny’s Encyclopedia. Translated by Glenn W. Most. Baltimore/London: The Johns Hopkins University Press, 1994, p. 67-104.

CORNELIUS TACITUS. Annales ab excessu divi Augusti. Edidit Charles Dennis Fisher. Oxford: Clarendon Press, 1906.

DAVIES, Mark. A Commentary on Seneca’s Epistulae Morales Book IV (Epistles 30-41). 2010. 496 f. Tese (Doutorado em Filosofia – Latim) – The University of Auckland, Auckland, 2010.

ERNOUT, Alfred; MEILLET, Antoine. Dictionnaire étymologique de la langue latine. Paris: Klincksieck, 2001.

GRIMAL, Pierre. La littérature latine. Paris: Fayard, 1994.

GRIMAL, Pierre. Les jardins romains. Paris: Fayard, 1984.

GRIMAL, Pierre. Sénèque: ou la conscience de l'Empire. Paris: Fayard, 1991.

HOWATSON, M. C. (org.). Dictionnaire de l’Antiquité: mythologie, littérature, civilisation. Trad. Jeannie Carlier et alii. Paris: Robert Laffont, 1993.

LOWE, Dunstan. Tree-Worship, Sacred Groves and Roman Antiquities in the Aeneid. Proceedings of the Virgil Society, London, vol. 27, p. 99-128, 2011.

LUCANO. Farsália: cantos de I a V. Introdução, trad. e notas de Brunno V. G. Vieira. Campinas: Editora da Unicamp, 2011.

LUCIO ANNEO SENECA. Lettere a Lucilio. A cura di Umberto Boella. Torino: Unione Tipografico-Editrice Torinese, 1995.

LUCRÉCIO. Da natureza. In: EPICURO et alii. Antologia de textos. Trad. e notas de Agostinho da Silva, estudos introdutórios de E. Joyau e G. Ribbeck. São Paulo: Abril Cultural, 1985, p. 64-284.

MENDONÇA, Antônio da Silveira. Seleção e tradução da Naturalis Historia, de Plínio, o Velho. Revista de história da arte e da cultura, Campinas, n. 2, p. 317-330, 1996.

MURPHY, Trevor. Pliny the Elder's Natural History: The Empire in the Encyclopedia. Oxford: Oxford University Press, 2009.

PIERCE, Nadine. The archaeology of sacred caves in Attica, Greece. 2006. 137 f. Dissertação (Master of Arts) – McMaster University, Hamilton (Canada), 2006.

PLINY THE ELDER. Naturalis Historia. Edidit Karl Friedrich, Theodor Mayhoff. Lipsiae: Teubner, 1906.

ROBERT, Jean-Noël. Rome. Paris: Les Belles Lettres, 2004.

SCHEID, John. La religion des Romains. Paris: Armand Colin, 2003.

SÊNECA. Cartas a Lucílio. Trad., prefácio e notas de José Antônio Segurado e Campos. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1991.

THIBODEAU, Philip. Playing the farmer: Representations of Rural Life in Vergil’s Georgics. Berkeley/Los Angeles: University of California Press, 2011.

TOOHEY, Peter. Reading Epic: An Introduction to the Ancient Narratives. London/New York, 1992.

VIRGILE. Bucoliques. Texte établi et traduit par E. De Saint-Denis. Paris: Les Belles Letres, 2002.

VIRGILE. Géorgiques. Texte établi et traduit par E.de Saint-Denis. Paris: Les Belles Letres, 1998.

WEEDA, Leendert. Vergil’s political commentary in the Eclogues, Georgics and Aeneid. Berlin/New York: De Gruyter, 2015.

Downloads

Publicado

2023-07-14

Como Citar

Trevizam, M. (2023). O bosque na Literatura latina: respeito ou violações ao sagrado. CODEX - Revista De Estudos Clássicos, 11(1), e1112301. https://doi.org/10.25187/codex.v11i1.54924