Uma Medeia afro-brasileira “rainha, preta e orixá”: recepção da antiguidade na peça Além do Rio de Agostinho Olavo
DOI:
https://doi.org/10.25187/codex.v11i1.56647Palavras-chave:
Além do Rio, Medeia, TEN, Agostinho OlavoResumo
Partindo do objetivo de rastrear recepções do mito grego que não as privilegiadas pelo eurocentrismo, o artigo desenvolve uma investigação sobre a recepção da antiguidade no texto Além do Rio (1961) de Agostinho Olavo. A peça é uma recriação de Medeia de Eurípides a partir da proposta do Teatro Experimental do Negro (TEN), grupo fundado por intelectuais negros como Abdias do Nascimento que desejavam propor uma discussão sobre o lugar do negro na sociedade brasileira. O artigo analisa como temas do mito grego de Medeia foram revisitados para problematizar situações de tensão racial, mostrando a trajetória da heroína Jinga, que se transforma em Medeia, do apagamento à redescoberta das próprias raízes africanas. A peça problematiza temas da identidade e da exclusão dos negros na sociedade brasileira. O mito de Medeia e seu trágico desfecho é um ponto de reflexão para abordar temas como a ilusão da democracia racial, o problema da integração social, o preconceito e o apagamento da escravidão como experiência originária das tensões sociais no país.Referências
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