Uma emoção guia a cena: uma leitura do medo e da esperança nas Troianas de Sêneca

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25187/codex.v11i1.59279

Palavras-chave:

emoções, tragédia, Sêneca, As Troianas, filosofia estoica.

Resumo

Este artigo pretende verificar como se dá a presença das emoções na peça senequiana As Troianas, bem como compreender sua possível relação com a filosofia do mesmo autor, segundo o qual as emoções envolvem uma avaliação de aspectos do mundo (De Ira 2.1). Nesse sentido, chamaremos a atenção para duas reações afetivas específicas: a esperança (spes) e o medo (metus, timor). Ao longo de nossa leitura da peça, propomo-nos a dar destaque a passagens que evidenciam as emoções em suas diversas expressões levando em conta os seus efeitos no desenvolver da trama e na construção dos personagens senequianos. Se considerarmos a teoria senequiana das emoções enquadrada dentro das teorias antiemocionalistas (“anti-emotionalist”, Kazantzidis e Spatharas 2018) encontradas nos escritos éticos estoicos, é de se perguntar como a possível presença desses preceitos na poesia senequiana afetaria a nossa leitura e a audiência de Troades. Como resultado, constata-se que considerar a compreensão estoica e especialmente senequiana das emoções – ou seja, o modo como o elemento racional funciona como parte da concepção senequiana de emoção – é relevante para precisamente compreender a complexidade de algumas cenas de As Troianas e entender como as emoções estoicas podem funcionar na tragédia de Sêneca.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Azevedo Bezerra Felicio, Universidade Estadual de Campinas

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação de Linguística do Instituto de Estudos da Linguagem na Universidade Estadual de Campinas, sob orientação da Profa. Dra. Isabella Tardin Cardoso. Bolsista do CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. 

Referências

ARMISEN-MARCHETTI, M. "Ontology and Epistemology", in: HEIL, A.; DAMASCHEN, G. Brill’s Companion to Seneca. Leiden, The Netherlands: Brill, 2014, p. 217-238.

BATTISTELLA, C. “Hecuba succumbs: wordplay in Seneca’s Troades”, in: The Classical Quarterly, vol 68.2, 2018, p. 566-572.

BEZERRA FELICIO, A. A. Vestígios de Lucílio: amizade, medo e cuidados do leitor nas 15 primeiras cartas das Epístolas Morais de Lúcio Aneu Sêneca. Dissertação (mestrado) Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem: Campinas. 2020.

BRUNETTI, G. “Per la ‘riscoperta’ europea delle tragedie di Seneca: note sulle Troiane in alcuni manoscritti e commenti medioevali”, in: CITTI, F.; IANNUCCI, A.; ZIOSI, A.; Troiane Classiche E Contemporanee. Hildesheim: Università di Bologna. Georg Olms Verlag; 2017, p. 151-164.

CALDER, W. M. “Seneca’s Agamemnon”, in: Classical Philology, Vol. 71, No. 1 (Jan., 1976), p. 27-36;

CARDOSO, I. T. “Aspectos da liberdade em As Troianas de Sêneca”, in: Letras Clássicas, n.3, 1999, o. 229-256.

CARDOSO, Z. de A. (intr., trad., notas). As Troianas. São Paulo: HUCITEC, 1997.

CARDOSO, Z. de A. “O discurso senequiano e a caracterização da personagem trágica”., in: Língua e Literatura (USP) , São Paulo, v. 20, 1995, p. 35-49.

CASTON, R.; KASTER, R. A. (eds.) Hope, Joy and Affection in the Classical World. New York: Oxford Unversity Press, 2016.

CITTI, F. “ ‘Spes Dulce malum’: Seneca e la speranza”, in: CITTI, F. Cura Sui. Studi sul Lessico Filosofico di Seneca. Amsterdam: Adolf M. Hakkert Editore, 2012, p. 25-52.

DRAPER, P. “Structural Enhancement of a Theme in Seneca’s Troades”, in: CB 56, 1990, p. 103-6.

EDWARDS, C. (1997). “Self-Scrutiny and Self-Transformation in Seneca’s Letters” in Greece & Rome, 44.I, p. 23-38.

FANTHAM, E. (intr., trad., com.) Seneca's Troades. A Literary Introduction with Text, Translation and Commentary. Princeton, Princeton University Press, [1982] 2019.

FITCH, J. (ed., trad.). Seneca. Tragedies, Volume I: Hercules. Trojan Women. Phoenician Women. Medea. Phaedra. Loeb Classical Library 62. Cambridge, MA: Harvard University Press, [2002] 2004.

FITCH, J.G.; MCELDUFF; S. “Construction of the Self in Senecan Drama”, in: J.G. FITCH, Seneca. Oxford Readings in Classical Studies, Oxford 2008, 157-80.

FUNAIOLI, M.P. “Le Troiane in Francia tra XVI E XVIII secolo”, in: CITTI, F.; IANNUCCI, A.; ZIOSI, A.; Troiane Classiche E Contemporanee. Hildesheim: Università di Bologna. Georg Olms Verlag; 2017, p. 193-200.

GRAVER, M. Stoicism and Emotion. Chicago: University of Chicago Press, 2007.

GRAVER, M. “Ethics II: Action and Emotion.”, in: HEIL, A.; DAMASCHEN, G. Brill’s Companion to Seneca. Leiden, The Netherlands: Brill, 2014, p. 257-275.

GUMMERE, R. M. (trad.); SENECA, L. A. Epistles. GOOLD, G. P. (ed.). London: Harvard University Press, 1996.

HUPPES-CLUYSENAER, L. “The Debate About Emotion in Law and Politics”, in: HUPPES-CLUYSENAER, L.; COELHO, N. M. M. S. (Eds.) _Aristotle on Emotions in Law and Politics_. Springer, Switzerland, 2018, p. 3-10.

INWOOD, B. Ethics and Human Action in Early Stoicism. Oxford: Oxford University Press,1985.

KAZANTZIDIS, G.; SPATHARAS, D. Hope in Ancient Literature, History, and Art. Ancient Emotions I. Berlin, Boston: Walter de Gruyter, 2018.

KEULEN, A. (ed., intro., com.) L. Annaeus Seneca Troades: introduction, text, and commentary. Leiden; Boston : Brill, 2001.

KONSTAN, D. “The concept of ‘emotion’ from Plato to Cicero”, in: Méthexis, v. 19, 2006, p. 139-151.

KONSTAN, D. “Senecan emotions”, in: BARTSCH, S.& SCHIESARO, A. (Eds.), The Cambridge companion to Seneca. Cambridge; New York: Cambridge University Pr., 2015. p. 174-184.

KONSTAN, D. “Cicero on grief and friendship”, in: TUTTER, A.; WURMSER, L. Grief and its transcendence. Memory, identity, creativity. New York, London: Routledge, Taylor and Francis, 2016a, p. 3-12.

KONSTAN, D. “Understanding Grief in Greece and Rome.”, in: The Classical World, vol. 110, no. 1, 2016b, p. 3–30

KONSTAN, D. " On Grief and Pain". In Pain and Pleasure in Classical Times. Leiden, The Netherlands: Brill, 2018, p. 201-212.

MACAULAY, T. B. Essays, Critical and Miscellaneous. Boston: Phillips, Sampsont, and Company, 1854.

MANZOLI, G. “Bigger than theatre: le dive troiane di Michael Cacoyannis”, in: CITTI, F.; IANNUCCI, A.; ZIOSI, A.; Troiane Classiche E Contemporanee. Hildesheim: Università di Bologna. Georg Olms Verlag; 2017, p. 299-312.

REYNOLDS, L. D (ed.). L. Annaei Senecae. Ad Lvcilivm epistvlae morales. New York: Oxford University Press., Vol. 1, 1965.

REYNOLDS, L.D.(ed.) L. Annaei Senecae. Dialogorum Libri dvodecim. New York: Oxford University Press, 1977.

STAR, C. The Empire of the Self. Self command and political speech in Seneca and Petronius. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 2012.

TRAINA, A. Lo stile drammatico del filosofo Seneca. Bologna: Pàtron Editore, 1978 [1974].

TARRANT, R.J. Agamemnon. Cambridge: Cambridge University Press, 2018.

TRINACY, C. “Intertextual Translation in Ovid, Seneca, and Ted Hughes”, in: Classical Receptions Journal Vol 0, 2017, p. 1–27

TUSINI, G. L. “Eredità delle Troiane nell’arte contemporanea: macerie della postmodernità”, in: CITTI, F.; IANNUCCI, A.; ZIOSI, A.; Troiane Classiche E Contemporanee. Hildesheim: Università di Bologna. Georg Olms Verlag; 2017, p. 245-272.

TUTRONE, F. Healing Grief. A Commentary on Seneca’s Consolatio ad Marciam. Berlin, Boston: Walter De Gruyter, 2023.

WILCOX, A. “Exemplary Grief: Gender and Virtue in Seneca’s Consolations to Women”, in: Helios, v. 33, n. 1, 2006, p. 73–100.

ZIOLKOWKI, T. “Seneca: a new German icon?”, in: International Journal of the Classical Tradition, Summer, 2004, Vol. 11, No. 1, 2004, p. 47-77.

Downloads

Publicado

2023-07-14

Como Citar

Felicio, A. A. B. (2023). Uma emoção guia a cena: uma leitura do medo e da esperança nas Troianas de Sêneca. CODEX - Revista De Estudos Clássicos, 11(1), e1112314. https://doi.org/10.25187/codex.v11i1.59279

Edição

Seção

Dossiê Emoção no drama antigo: tragédia