Espanto ou maravilhamento (thauma) na Ifigênia em Táuris de Eurípides
DOI:
https://doi.org/10.25187/codex.v11i1.59280Palavras-chave:
thauma, Eurípides, Ifigênia em Táuris, Pseudo-Longino, sublime.Resumo
Este artigo investiga como Eurípides, em Ifigênia em Táuris, utiliza uma afecção estética que, em grego, desde os testemunhos supérstites mais antigos, foi sobretudo identificada pelo termo thauma e que abrange o que se concebe como “admiração”, “espanto” e “maravilhamento”. Partindo-se do tratamento da estrutura desse afeto em Pseudo-Longino, ele próprio ancorado em poetas e teóricos gregos do período clássico e arcaico, o foco aqui é discutir, de um lado, como já em Eurípides a estrutura dessa afecção é explorada por meio de certos termos e fenômenos (ekplēxis, apistos, muthos, reconhecimento) que foram sendo definidos como centrais em discussões epistemológicas, estéticas e poéticas em autores como Platão e Aristóteles, e, de outro lado, como essa tragédia configura a ambiguidade da afecção, em particular, em sua relação com a matéria mesma do espetáculo trágico, o muthos.
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