O gênero bucólico n’Os Lusíadas

Auteurs

DOI :

https://doi.org/10.25187/codex.v9i2.45780

Mots-clés :

Os Lusíadas, gênero bucólico, mistura genérica

Résumé

O fenômeno da mistura genérica é antigo entre os poetas, ainda que os teóricos da poesia nem sempre o tenham reconhecido. O objetivo deste artigo é investigar a coexistência entre os gêneros épico e bucólico n’Os Lusíadas. Embora este poema seja uma epopeia e tenha a Eneida, de Virgílio, como modelo de composição, uma leitura atenta da obra, apoiada por autores como Macedo (1992), Mulinacci (2011) e Binet (2019), descobrirá que a Ilha dos Amores, cujo episódio toma lugar no Canto IX, é uma versão renascentista de locus amoenus, tópica da tradição de poesia pastoril que parte das Bucólicas, do mesmo Virgílio. Para demonstrá-lo, far-se-á uma análise textual de passagens d’Os Lusíadas como as primeiras estrofes do Canto I, que evidenciam o gênero predominante dessa obra, e outras do episódio mencionado, a partir das quais é possível demonstrar a função do gênero bucólico no poema. Concluiu-se, por meio dessa análise, que o gênero bucólico tem função alegórica dentro d’Os Lusíadas e que a sua presença local neste participa do argumento expansionista e cristão da epopeia.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Biographie de l'auteur

Miguel Ângelo Andriolo Mangini, Universidade de São Paulo, São Paulo (SP)

Mestrando em Letras Clássicas na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo e bolsista pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Orientadora: Elaine Cristine Sartorelli.

Références

ANDRÉ, C. A. Eneida e Os Lusíadas. In: AGUIAR E SILVA, V. M. (Org.). Dicionário de Luís de Camões. São Paulo: Leya, 2011, p. 337-341.

BARRETO, J. F. Micrologia Camoniana. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1982.

BINET, A. M. de A. O episódio da Ilha dos Amores, uma imago mundi entre oriente e ocidente. In: NATÁRIO, M. C.; EPIFÂNIO, R.; MALATO, M. L. (org.). Portugal – Goa: os orientes e os ocidentes. Porto: Universidade do Porto, 2019, p. 35-43.

CAMERON, A. Vergil and the Augustan Recusatio. In: CAMERON, A. Callimachus and his critics. New Jersey: Princeton University Press, 1995, p. 454-483.

CAMÕES, L. V. de. Os Lusíadas. Edição: Emanuel Paulo Ramos. Porto: Porto Editora, 1980.

CIDADE, H. Luís de Camões: o épico. 2. ed. Lisboa: Livraria Bertrand, 1953.

CONINGTON, J. Vergili Maronis Opera. Londres: Oxford University Press, 1863. Vol. 2.

CONTE, G. B. Generi e lettori: Lucrezio, l’elegia d’amore, l’enciclopedia di Plinio. Milano: Mondadori, 1991.

CONTE, G. B. Memoria dei poeti e sistema letterario. Torino: Giulio Einaudi, 1974.

CONTE, G. B. The rhetoric of imitation. Ithaca; London: Cornell University Press, 1986.

DIAS, E. Os Lusíadas. 3. ed. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e da Cultura, 1972.

DIAS, F. B. [Sem título]. In: CAMÕES, L. de. Os Lusíadas. Edição fac-similar. Coimbra: Almedina; Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, 2016, p. 7-9.

ERASMO DE ROTERDÃ. Dialogus Ciceronianus. Edição: Pierre Mesnard. In: ERASMO DE ROTERDÃ. Opera Omnia Desiderii Erasmi Roterodami. Amsterdam: North-Holland Publishing Company, 1971. Vol 2, p. 581-710.

FARRELL, J. Classical Genre in Theory and Practice. In: New Literary History, Pennsylvania, v. 34, n. 3, 2003, p. 383-408.

FILIZOLA, A. A épica e o pastoril: a Écloga IV de Virgílio e Os Lusíadas de Camões. In: Letras, Curitiba, n. 40, p. 31-43, 1992. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/letras/article/view/19133/12432. Acesso em: 8 nov. 2021.

FOWLER, A. Kinds of Literature: An Introduction to the Theory of Genres and Modes. Oxford: Oxford University Press, 1982.

FOWLER, A. The formation of genres in the Renaissance and after. In: New Literary History, v. 34, n. 2, p. 185-200, 2003.

GREENE, T. M. The light in Troy: imitation and discovery in Renaissance Poetry. New Haven; London: Yale University Press, 1982.

HANSEN, J. A. A máquina do mundo. In: NOVAES, A. (Org.). Poetas que pensaram o mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, p. 157-197.

HANSEN, J. A. Notas sobre o gênero épico. In: TEIXEIRA, I. (Org.) Multiclássicos épicos. São Paulo: EDUSP, 2008. p. 17-91.

HARDWICK, L. Reception studies. Greece & Rome: New surveys in the Classics No. 33. Oxford: Oxford University Press, 2003.

HARRISON, S. J. Generic enrichment in Vergil and Horace. Oxford: Oxford University Press, 2007.

JAUSS, H. R. Theorie der Gattungen und Literatur des Mittelalters. In: JAUSS, H. R. Alterität und Modernität. München: Wilhelm Fink Verlag, 1977, p. 327-358.

KÖHLER, E. Gattungssystem und Gesellschaftssystem. In: HAUPT, B. (org.). Zum mittelalterlichen Literaturbegriff. Darmstadt: Wissenschaftliche Buchgesellschaft, 1985, p. 111-129.

MACEDO, H. Os Lusíadas: celebração épica como crítica pastoril. In: REUNIÃO INTERNACIONAL DE CAMONISTAS, 5., 1987, São Paulo. Atas [...]. São Paulo: FFLCH/USP, 1992, p. 117-122.

MARCIAL, M. V. Epigrammata. Edição: W. M. Lindsay. 2. ed. Great Britain: Oxonii E Typographeo Clarendoniano, 1929.

MARTINDALE, C. Redeeming the text: latin poetry and the hermeneutics of reception. Cambridge: Cambridge University Press, 1993.

MIRANDA, M. O Humanismo jesuítico e a identidade da Europa: uma ‘Comunidade Pedagógica Europeia’. In: Humanitas, Coimbra, n. 53, 2001, p. 83-112.

MULINACCI, R. Locus amoenus. In: SILVA, V. M. E. (Org.). Dicionário de Luís de Camões. São Paulo: Leya, 2011, p. 477-482.

PASQUALI, G. Arte Alusiva. Tradução: Alexandre Piccolo e Lucy Ana de Bem. In: PRATA, P.; VASCONCELLOS, P. S. de. (org.). Sobre intertextualidade na literatura latina: textos fundamentais. São Paulo: Editora Unifesp, 2019, p. 11-21.

SENA, J. de. Estudos sobre o vocabulário de Os Lusíadas. Lisboa: Edições 70, 1982.

SILVA, J. de O. E. Moving the Monarch: The Rhetoric of Persuasion in Camões’s Lusíadas. In: Renaissance Quarterly, n. 53, 2000, p. 735-768.

SILVA, V. M. A. E. Ilha dos Amores (Episódio da). In: SILVA, V. M. E. (Org.). Dicionário de Luís de Camões. São Paulo: Leya, 2011, p. 437-444.

SNELL, B. L’arcadia: scoperta di un paesaggio spirituale. In: SNELL, B. La cultura greca e le origini del pensiero europeo. Trad. Vera Degli Alberti e Anna Solmi Marietti. 2. ed. Torino: Piccola Biblioteca Einaudi, 1963, p. 387-418.

TREVIZAM, M. Modulações genéricas em Virgílio. In: Rónai, Juiz de Fora, v. 8, n. 2, 2020, p. 46-61.

VIEIRA, Y. F. Mitologia, alegoria e discurso: observações sobre o “discurso alusivo” de Camões. In: Revista Camoniana, São Paulo, v. 3, n. 2, 1980, p. 189-206.

VIRGÍLIO. Eclogues. Georgics. Aeneid: Books 1-6. Edição: Jeffrey Henderson. Trad. H. R. Fairclough. Rev. G. P. Goold. Cambridge (MA): Harvard University Press, 1999. Loeb Classical Library 63. Vol 1.

Téléchargements

Publiée

2021-12-31

Comment citer

Andriolo Mangini, M. Ângelo. (2021). O gênero bucólico n’Os Lusíadas. CODEX - Revista De Estudos Clássicos, 9(2), 121–142. https://doi.org/10.25187/codex.v9i2.45780

Numéro

Rubrique

Artigos