A persona elegíaca e a sinceridade em Propércio

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25187/codex.v11i2.58908

Palavras-chave:

Propércio, Elegia, persona, Cíntia

Resumo

Este artigo se propõe a discutir a construção da persona elegíaca em Propércio, partindo do entendimento de o que seria o amor elegíaco e de como os poetas elegíacos possuíam uma elaboração sistemática para cantar sobre este sentimento. Para que este sistema funcionasse dois personagens eram basilares: o amante apaixonado e uma amada, aqui, Propércio e Cíntia, respectivamente. A criação destes personagens resulta no que Paul Veyne apresenta como “jogo elegíaco”, este jogo ancora-se fundamentalmente na noção de persona e principalmente na verossimilhança e na sinceridade retórica. Portanto, o jogo elegíaco é pautado pela relação ambígua entre o que parece ser real e o que certamente é ficcional, e isto se configura unicamente como uma questão de estilo necessária para que a sistemática do amor elegíaco vigorasse. Dessa forma, tanto Propércio como Cíntia podem ser lidos como personae e artifício poético.

Biografia do Autor

Laura Danielly de Souza Couto, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutoranda e Mestre em Literatura pelo Programa de Pós-graduação em Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Graduada em Letras - Língua Portuguesa pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). Atualmente dedica-se aos estudos e tradução das obras do poeta italiano Francesco Petrarca e a recepção do petrarquismo no Brasil.

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Publicado

2024-03-09

Como Citar

Couto, L. D. de S. (2024). A persona elegíaca e a sinceridade em Propércio. CODEX - Revista De Estudos Clássicos, 11(2), e112202303. https://doi.org/10.25187/codex.v11i2.58908