Ìkómo e o processo de nomeação dos indivíduos da etnia Yorùbá

Autores

Palavras-chave:

Yorùbá, Nomeação, Nascimento, Morte, Tradições

Resumo

Ainda hoje, grande parte dos procedimentos de nomeação de indivíduos de grupos africanos se relaciona a complexos processos culturais que representam sistemas simbólicos, ritualísticos e espirituais. A abordagem proposta nesse artigo tem o intento de estimular reflexão a respeito dessa prática para o povo Yorùbá, grupo étnico presente em diversos países da África Ocidental. Para tanto, serão priorizadas discussões presentes em obras de autores nativos no intuito de compreender suas abordagens, descrições e reflexões a respeito dessa tradição. Serão elucidados conceitos / ideias que orientam o ìkómo no contexto Yorùbá, de modo focar nos entendimentos próprios desse grupo a respeito de sua cultura e a ressaltar suas experiências e vivências no diálogo com e a partir do olhar nativo.

Biografia do Autor

Samuel Ayobami Akinruli, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Instituto de Inovação Social e Diversidade Cultural (INSOD)

É doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (UFMG/2018) pela linha de pesquisa Memória Social, Patrimônio e Produção do Conhecimento (PPGCI/UFMG). Possui mestrado em Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG/2014); especialização em Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais / Geoprocessamento (UFMG/2017); bacharelado em Ciências Econômicas pela Lagos State University (Nigéria/2006), diploma reconhecido/revalidado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG/2015). É cofundador do Instituto de Inovação Social e Diversidade Cultural (INSOD) com sede em Belo Horizonte/MG/Brasil, instituição no qual é presidente e gestor de inovação. Desenvolve pesquisas relacionadas aos diagnósticos do patrimônio cultural por meio de curadorias, inventários, tombamentos, registros, planos e ações de salvaguarda, cartografia histórica e geoprocessamento. Desenvolve trabalhos e pesquisas relacionados a Museologia Social, Memória, Patrimônio Cultural, Acervos e Coleções, Meio Ambiente, Economia da Cultura, Economia do desenvolvimento, registros audiovisuais (fotografia e vídeo), especialmente por meio de ações baseadas na metodologia da etnografia. Outros trabalhos comerciais no campo da cultura visual podem ser vislumbrados com sua assinatura por meio da produtora Anil Imagens, na qual atua em registros audiovisuais (fotografia e vídeo) de eventos culturais como festivais, exposições, manifestações culturais, dentre outros. Desenvolve, ainda, investigações relacionadas à sua matriz étnica africana, a cultura Yorùbá, com diversas pesquisas de caráter sociohistórico e antropológico e ações relacionadas aos campos da cultura, linguística, música, teatro, artes e educação. É músico multi-instrumentista, além de atuar como arranjador e compositor. Tem experiência na área de Economia e gestão, com ênfase em propriedade intelectual, inovação tecnológica e social, processos de patentes, sustentabilidade e inovação, empreendedorismo e inclusão social. É filiado ao Conselho Regional de Economia (CORECON-MG) e International Council of Museums (ICOM); é associado da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação (ANCIB), da Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN) e da Associação Nacional de Pesquisadores e Professores de História das Américas (ANPHLAC). Integra a Laboratoire de Recherche en Sciences de L?information et de la Communication (GRIPIC) da Universidade Paris 4 - Paris-Sorbonne, e dois grupos de pesquisa certificados pelo CNPq e sediados na Escola de Ciência da Informação (ECI/UFMG), o NEMUSAD - Núcleo de Estudos das Mediações e Usos Sociais dos Saberes e Informações em Ambientes Digitais (http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/4081658749244754) e o NEPPAMCs - Núcleo de Estudos sobre Performance, Patrimônio e Mediações Culturais (http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/6110835540001839), além de integrar também o GT Acervos Arqueológicos da Sociedade Brasileira de Arqueologia (SAB).

Luana Carla Martins Campos Akinruli, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Instituto de Inovação Social e Diversidade Cultural (INSOD)

Vencedora do Grande Prêmio UFMG de Teses no grupo Grandes Áreas de Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas e Linguística, Letras e Artes (UFMG, 2019) e da Melhor Tese do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (UFMG, 2019). Realiza residência pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em História (UFMG), onde leciona como professora colaboradora sendo vinculada ao Núcleo de História Oral (NHO) do Laboratório de História do Tempo Presente (LHTP). É cofundadora do Instituto de Inovação Social e Diversidade Cultural (INSOD) e coordenadora de projetos da mesma instituição. É doutora em Antropologia na Linha de Pesquisa Arqueologia do Mundo Moderno e Contemporâneo (UFMG), mestra em História pela Linha História Social da Cultura (UFMG) e licenciada em História (UFMG), com formação complementar em Antropologia e Arqueologia (UFMG). Possui experiência docente, em pesquisa e extensão com foco interdiscciplinar, abordando temas como patrimônio cultural (material e imaterial), memória social, conflitos socioambientais, crítica pós-colonial, cartografias sociais e mineração. Atua em pesquisas versando sobre arqueologia histórica, antropologia e história social da cultura, baseando-se em investigações etnográficas e pesquisa de campo junto às comunidades. É educadora dedicada a ações em educação patrimonial, formação de professores e confecção de materiais didáticos, além de pesquisadora de temas relacionados à cultura africana e afro-brasileira, e trato com fontes iconográficas com destaque para a cultura visual e história da fotografia. É fotógrafa da Anil da Imagens e possui experiência em consultorias e assessorias técnicas no âmbito da cultura. É sócia-efetiva da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), da Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB) e da Associação Nacional de História (ANPUH). É associada da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN) e da Associação Nacional de Pesquisadores e Professores de História das Américas (ANPHLAC). Integra o Núcleo de História Oral (NHO/UFMG) do Laboratório de História do Tempo Presente (LHTP/UFMG) e o Laboratório de Arqueologia da Fafich/UFMG (http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/7686642250987835), ambos certificados pelo CNPq e sediados na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH/UFMG), além do NEPPAMCs - Núcleo de Estudos sobre Performance, Patrimônio e Mediações Culturais (http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/6110835540001839), também certificado pelo CNPq e sediado na Escola de Ciência da Informação (ECI/UFMG). Ainda, integra o GT SAB - Acervos Arqueológicos da Sociedade Brasileira de Arqueologia (SAB) e faz parte da Diretoria da Sociedade Brasileira de Arqueologia (SAB) na gestão 2020-2022.

Referências

ABÍMBÓLÁ, Kola. Yorùbá Culture: a philosophical account. United Kingdom: Birmingham, 2006.

ADEMULEYA, Babasehinde A. The Concept of Ori in the Traditional Yoruba Visual Representation of Human Figures. In: Nordic Journal of African Studies, nº 2, vol. 16, 2007, p. 212–220.

ADÉÉKÓ, Adélékè. Oral Poetry and Hegemony: Yorùbá Oríkì. In: Dialectical Anthropology, nos 3-4, vol. 26, set. 2001, p. 181-192.

ADEGBINDIN, Omotade H. Ifa in Yoruba Thought System. Durham: Carolina Academic Press, 2014.

AKINRULI, Samuel A.; AKINRULI, Luana C.M.C. Descolonizando práticas e saberes: um exercício de reflexão sobre os estudos culturais na África Ocidental: o caso da Nigéria e do povo Yorùbá. In: SANTOS, Vanicléia S.; MARCUSSI, Alexandre A; AMADO, Leopoldo; RESENDE, Taciana A. Ga. de. (Org.). Cultura, História Intelectual e Patrimônio na África Ocidental (séculos XV-XIX). Curitiba: Brasil Publishing, 2019, p. 67-94.

AKINRULI, Samuel A.; AKINRULI, Luana C.M.C. Entre língua e cultura de um grupo étnico: o ensino de Yorúbà em uma experiência de ensino, pesquisa e extensão. In: Anais do III CIM – Congresso de Inovação e Metodologias no Ensino Superior. Belo Horizonte: Diretoria de Inovação e Metodologias de Ensino (Giz/UFMG), p.1-10, 2017. Disponível em: https://congressos.ufmg.br/index.php/congressogiz/CIM/paper/download/598/315, acesso em 2 de dezembro de 2019.

AKINNASO, F. Niyi. The Sociolinguistic Basis of Yoruba Personal Names. In: Anthropological Linguistics, nº 7, vol. 22, 1980, p. 275–304.

ARKER, Clare. “Redreaming the World”: ontological difference and abiku perception in The Famished Road. In: Postcolonial Fiction and Disability: exceptional children, metaphor and materiality. Ney York: Palgrave Macmillan, 2011, p.158-188.

BALOGUN, Babalola J. An Examination of the Yoruba Traditional – Existentialist Conception of Evil. In: Thought and Practice: a Journal of the Philosophical Association of Kenya (PAK) – New Series, nº 2, vol. 6, dez. 2014, p. 55-73.

BARKER, Clare. “Redreaming the World”: ontological difference and abiku perception in The Famished Road. In: Postcolonial Fiction and Disability: exceptional children, metaphor and materiality. Ney York: Palgrave Macmillan, 2011, p.158-188.

DREWAL, Margaret T. Yoruba Ritual: performers, play, agency. Bloomington: Indiana University Press, 1992.

JOHNSON, Samuel (Rev.) & JOHNSON, Obadiah (Dr.). The History of The Yorubas. Lagos: CSS Limited, 2001. [1921]

Ifa of the Yoruba People of Nigeria. Disponível em http://www.unesco.org/archives/multimedia/?pg=33&s=films_details&id=3742, acessado em 10 de dezembro de 2019.

ÌKỌ̀TÚN, Reuben O. Surnames as Markers of Identity among the Yorùbá Sub-Ethnic Group Members. In: Open Journal of Modern Linguistics, 2014, nº 4, jun. 2014, p. 307-316.

MOBOLADE, Timothy. The Concept of Abiku. In: African Arts, nº 1, vol. 7, out. 1973, p. 62-64.

ODEBODE, Idowu; ONADIPE, Adenike. A speech act analysis of Abiku names among the Yoruba Nigerians. In: Language in India, nº 5, vol. 12, mai. 2012, p. 129-142.

OGUNWALE, Joshua A. A Pragmalinguistic Study of Yoruba Personal Names. In: Journal of Literary Onomastics, nº 01, vol. 2, 2012, p. 24-35.

OKEWANDE, Oluwole T. Etymological investigation of tones in the Yorùbá personal praise names: Oríkì Àbíso. In: International Journal of Humanities and Cultural Studies, vol. 2, nº 1, jun. 2015, p. 486-494.

OLAJUBU, Oyeronke. Women in the Yoruba religious sphere. Albany: State University of New York Press, 2003.

OLÚFÉMI, Táíwò. Ifá: An Account of a Divination System and Some Concluding Epistemological Questions. In: WIREDU, Kwasi (ed.). Companion to African Philosophy. New Jersey: Blackwell Publishing, 2004, p. 304-312.

OLÚWOLÉ, Sophie B. Culture, Gender, and Development Theories in Africa. In: Africa Development, vol. XXII, nº 1, 1997, p. 95-121.

OLÚWOLÉ, Sophie B. Socrates and Òrúnmìlà: Two Patron Saints of Classical Philosophy. 3ª ed. Lagos: Ark Publishers, 2017.

ONIBERE, S.G.A.; ADOGBO, Michael P. (eds). Selected Themes in The Study of Religions in Nigeria. Lagos: Malthouse Press Limited, 2010.

OYÈWÙMÍ, Oyèrónké. Conceptualizing Gender: The Eurocentric Foundations of Feminist Concepts and the challenge of African Epistemologies. In: African Gender Scholarship: Concepts, Methodologies and Paradigms. CODESRIA Gender Series – Volume 1. Dakar: CODESRIA, 2004, p. 1-8.

OYÈWÚMI, Oyèronké. Family Bonds – Conceptual Binds: African Notes on Feminist Epistemologies. In: Signs, nº 4, vol. 25, verão de 2000, p. 1093-1098.

SOCIETY, Church Missionary. A dictionary of the Yoruba language. Lagos: Church Missionary Society Bookshop, 1918.

TRAGER, Lillian (Abeke). Yoruba Hometowns: community, identity, and development in Nigeria. London: Lynne Rienner Publishers, 2001.

Downloads

Publicado

2021-02-08

Edição

Seção

Artigos