De luzes, palavras e imagens: Ruy Duarte de Carvalho, uma poética cinematográfica

Autores

Palavras-chave:

Angola, Poesia, Cinema, Ruy Duarte de Carvalho

Resumo

O presente trabalho debruça-se sobre a relação entre a poesia e o cinema produzidos pelo escritor e cineasta angolano Ruy Duarte de Carvalho. A partir da análise do livro IV da obra Lavra (2005) (poesia reunida de 1970-2000) Sinais misteriosos... Já se vê... e do filme Nelisita: narrativas Nyaneka, pretendo pensar uma escrita que é atravessada pela poética da luz cinematográfica. Com base na teoria do próprio autor, desenvolvida em seu ensaio sobre cinema A câmera, a escrita e a coisa dita... (2008), no livro da pensadora Susan Sontag Sobre fotografia (1977) e no conceito de “imagem-movimento” explorado por Deleuze no livro A imagem-movimento (1983), entre outras teorias que venham a surgir, busco realizar uma leitura das artes poéticas, cujas imagens sugerem o entendimento de um ato de ver, de desvelar e de enxergar o mundo por esses feixes de luz misteriosos, como um gesto textual e cinematográfico de conhecer a si mesmo e ao mundo, o que é a estrutura fundamental do mito. Para além de uma semântica significativa relacionada ao signo do cinema, há uma escrita visual que repensa o fazer fílmico ao mesmo tempo em que reflete, no corpo do texto, o olhar de um poeta que está por trás de uma lente.

Biografia do Autor

Julia Goulart, Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas em Literaturas Africanas da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas em Literaturas Africanas da Universidade Federal do Rio de Janeiro; bolsita CAPES; pesquisadora de poesia angolana

Referências

BÂ, Amadou Hampâté. “A tradição viva”. In: KI-ZERBO, Joseph (ed.). História geral da África, I: Metodologia e Pré-História da África. 2. ed. Brasília: UNESCO, 2010. v. 1, cap. 8, p. 169.

BAKHTIN, Mikhail. Questões de literatura e estética – a teoria do romance. São Paulo: Unesp, 1988. p. 87-88.

BARTHES, Roland. A câmara clara. Tradução de Júlio Castañon Guimarães. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. p. 25-26.

CARVALHO, Ruy Duarte de. A câmara, a escrita e a coisa dita. Luanda: Instituto Nacional do Livro e do Disco, 1997. p. 111-112.

CARVALHO, Ruy Duarte de. Lavra: poesia reunida 1970-2000. Lisboa: Cotovia, 2005. p. 133.

______. Vou lá visitar pastores - exploração de um percurso angolano em território Kuvale (1992-1997). Lisboa: Cotovia, 1999. p.111.

COLLOT, Michel. Do horizonte da paisagem ao horizonte dos poetas. In: ALVES, Ida Ferreira; FEITOSA, Marcia Manir Miguel (Org.). Literatura e paisagem: perspectivas e diálogos. Niteroi: Editora da Uff, 2010. p. 210-211.

DELEUZE, Gilles. Cinema, a imagem-movimento. Tradução: Stella Senra. São Paulo: Brasiliense, 1983. p. 70.

NELISITA: narrativas Nyaneka. Direção: Ruy Duarte de Carvalho. Produção: Ruy Duarte de Carvalho. Intérprete: Ndyanka Liuima, António Tyitenda, Francisco Munyele, Manuel Tyongorola, Tyiapinga Primeira. Roteiro: Ruy Duarte de Carvalho. Fotografia de Victor Henriques. Gravação de Ruy Duarte de Carvalho. Angola: 1983. Disponível em: https://vimeo.com/154832740. Acesso em: 2 nov. 2020.

PLAYTIME. Direção: Jacques Tati. Produção: Bernard Maurice. Intérprete: Jacques Tati e Barbara Dennek. Roteiro: Jacques Tati. Fotografia de André Dino e Andreas Winding. Gravação de Jacques Tati. Estados Unidos: Národní filmový archiv Praha, 1967.

SONTAG, Susan. Sobre fotografia. Tradução de Rubens Figueiredo. São Paulo: Companhia das letras, 2004. p. 137, 174.

Downloads

Publicado

2021-11-03

Edição

Seção

Dossiê