Criação heteronímica e vanguarda em Virgílio de Lemos

Autores

Palavras-chave:

Virgílio de Lemos, Fernando Pessoa, Literaturas em Língua Portuguesa

Resumo

Quando se pensa em procedimento heteronímico, vem-se logo à mente o conhecido caso de Fernando Pessoa. De fato, em nenhum outro autor a despersonalização alcançou a dimensão que tem na obra pessoana. Mas, entre as literaturas em língua portuguesa, um caso também chama especialmente atenção: o do poeta moçambicano Virgílio de Lemos. Neste trabalho, apresenta-se reflexões sobre a criação heteronímica de Virgílio de Lemos em relação às vanguardas que influenciaram a sua obra – como o movimento Negritude, o Surrealismo, o Barroco Latinoamericano e o Manifesto Pau-Brasil, de Oswald de Andrade –, e ao “barroco estético”, designação que o poeta cunhou no ensaio “As pulsões do barroco estético”, sobre a tendência de sua geração para uma antropofagia cultural comparável a dos modernistas brasileiros. Com isso, espera-se, por um lado, refletir sobre a poética virgiliana e, por outro, sobre heteronímia (ou processo de despersonalização) enquanto fenômeno literário de vanguarda inserido no contexto das modernidades.

Biografia do Autor

Dênis Augusto da Silva, CLEPUL, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Mestre em Literatura Portuguesa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Doutorando em Estudos Portugueses e Românicos, na especialidade Estudos Africanos, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Bolseiro de investigação no Projeto AfroLab - A Construção das Literaturas Africanas. Instituições e Consagração dentro e fora do Espaço de Língua Portuguesa 1960-2020 (PTDC/LLT-OUT/6210/2020).

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Publicado

2023-03-18

Edição

Seção

Artigos