Presenças: a performance negra como corpo político /Presences: black performance as a body politic
DOI:
https://doi.org/10.37235/ae.n43.12Resumo
Pensada pelos artistas Peter de Brito (1967) e Moisés Patrício (1984) a ação performática A presença negra (2014) surgiu em resposta à “desproporção na representação demográfica de afrodescendentes em certos espaços sociais, e mais precisamente no contexto das artes visuais”, como afirmam no manifesto de fevereiro de 2015.2 A ação, a um só tempo política, poética e estética, aberta à participação de artistas e intelectuais negros e que acontece durante a inauguração de exposições em galerias escolhidas pelo duo, é encenada em corpos negros coletivamente arranjados. Nesse caso a presença é a performance, e a circulação dos participantes a reverberação do manifesto. Não existe qualquer ação especificamente plástica além do encontro, da fruição e das formas de socialização em espaços simbolicamente interditados. Como qualquer performance, também aqui os corpos atuam pela presença, nesse caso, porém, sem intenção panfletária. O objetivo é refletir acerca do corpo negro e suas potencialidades expressivas nos espaços de compartilhamento cultural. Nas ações que promove, A presença negra (2014) redefine, ainda que brevemente, os territórios de segregação étnico-espacial e questiona, de maneira não verbalizada, o status quo de nossa sociedade, bem como o corrente discurso de que artistas brasileiros negros não existem.
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