Abordando Cauê
DOI:
https://doi.org/10.60001/ae.n45.8Resumo
Em Minas Gerais, erguia-se um pico que era conhecido pelo nome de Cauê. Ao longo dos últimos 80 anos Cauê foi exaurido até se tornar um buraco de profundidade comparável ao que um dia foi sua altura. O que resta hoje do Cauê é uma parede frágil ao redor de sua própria forma negativa. Um dia decidiu-se que era o maior depósito de minério de ferro do mundo, e assim ele se tornou testemunho de extrações ferozes. Suas cicatrizes horizontais, como bocas insaciáveis lacerando a paisagem, resultaram de uma longa história de mineração a céu aberto, que alimentou mercados no país e no exterior. Cauê foi removido por mãos, deslocado por máquinas, viajando pelo país e pelos oceanos e retornou fabricado, re-fabricado e manufaturado. Ele é testemunho de uma desfiguração espalhada, um depósito de poeira contido por banhos de água que previnem que tempestades de poeira invadam Itabira, sua cidade natal. Ele teria muito a ‘dizer’ 2 e deveria ser referenciado como um ponto de vista emblemático, a partir de onde se articulariam questões ligadas a sistemas biológicos e geológicos, trabalhistas, de injustiça social, de urbanismo e de poder ligados à economia extrativista.Downloads
Publicado
03-09-2023
Edição
Seção
Dossiê
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