O que sobrevive da Terra: o material na obra de Mitch Iburg e Nina Salsotto Cassina

Autores

DOI:

https://doi.org/10.60001/ae.n45.16

Palavras-chave:

Cerâmica, Geociências, Geodiversidade, Argila selvagem, Materialidade

Resumo

Os artistas visuais Mitch Iburg e Nina Salsotto Cassina construíram seu corpo de trabalho a partir de uma relação de profunda intimidade com os materiais do meio físico: utilizam argilas selvagens e outros materiais encontrados para a produção de peças de cerâmica que contam um pouco da história geológica do planeta Terra. A partir da análise de suas obras, proponho um diálogo com o pensamento do antropólogo britânico Tim Ingold, em especial o que diz respeito a sua concepção de material, e do filósofo da arte francês Georges Didi-Huberman, no que toca o conceito de “sobrevivência”. Se o material não tem propriedades imutáveis – mas processuais e relacionais – e, por isso, está dentro de um fluxo temporal – possuindo trajetórias de devir –, então o trabalho do artista é semelhante ao trabalho da natureza. Qualquer separação entre cultura e natureza deve, portanto, ser posta à prova. Olhar com atenção para os materiais – as coisas de que as coisas são feitas – se apresenta como uma estratégia de se enraizar no mundo, inaugurando novos modelos temporais na história da arte.

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Publicado

03-09-2023

Edição

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Artigos