Interações entre Humanos Pré-Históricos e a Megafauna Quaternária na América do Sul: Aspectos Zooarqueológicos e Paleoecológicos

Authors

  • Giovana Medeiros Rosa Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Departamento de Arqueologia, Rua São Francisco Xavier, 524, 20550-013, Maracanã, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
  • Lucas Henrique Medeiros da Silva Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Geologia, Programa de Pós-Graduação em Análise de Bacias e Faixas Móveis, Rua São Francisco Xavier, 524, 20550-013, Maracanã, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
  • Hermínio Ismael de Araújo- Júnior Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Geologia, Departamento de Estratigrafia e Paleontologia, Rua São Francisco Xavier, 524, 20550-013, Maracanã, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.11137/2018_1_296_307

Keywords:

Megafauna, Quaternário, Zooarqueologia, Paleoecologia, Tafonomia, Homo sapiens

Abstract

Grupos humanos dispersaram-se pelo continente asiático em direção ao leste siberiano até penetrarem a América pela atual região do Estreito de Bering. A partir de então, a espécie humana passou a coexistir e interagir com uma fauna até então desconhecida, a qual incluía os megamamíferos quaternários. Porém, apenas trabalhos pontuais relatando as interações entre humanos pré-históricos e megamamíferos quaternários têm sido realizados para a América do Sul. Este trabalho apresenta um levantamento bibliográfico de sítios paleontológicos-arqueológicos que possuem evidências específicas desse tipo de interação na América do Sul, além de discutir as características gerais de cada um. Foram encontrados registros de interação homem-megafauna na Argentina, Brasil, Venezuela e Uruguai. Em complemento, também foi possível padronizar os tipos de marcas encontradas nos materiais estudados previamente, mas que não apresentavam descrição formal utilizando terminologias zooarqueológicas. Essa interação homem-megafauna se dá pela presença de marcas de corte nos ossos e se apresentam em quatro tipos principais (serragem e fatiamento, raspagem, entalhamento e percussão dinâmica). Na América do Sul, espécies de preguiças gigantes e mastodontes mostram-se as preferidas pelos seres humanos. As marcas estão geograficamente bem distribuídas e não aparentam preferência por táxon, o que torna impossível determinar um padrão entre o tipo de marca, a localização geográfica e o táxon. Isso pode indicar que o tipo de corte e os danos causados são atribuídos de forma independente, além da possibilidade de que diferentes movimentos fossem usados com finalidades distintas. A escassez de casos de “massacres” depreende que a caça da megafauna era um evento oportunista, contrapondo-se à hipótese de exploração em massa. As datações obtidas não são coerentes com o modelo atual de migração humana inicial – a qual teria se dado por um único pulso migratório através do Estreito de Bering –, mas corroboram a hipótese de meios mais complexos de migração. As idades dos depósitos também sugerem que o ser humano conviveu com a megafauna quaternária por milênios antes da sua extinção no Pleistoceno Final- Holoceno inicial.

Published

2019-09-09

Issue

Section

Article