Determinação da Porosidade e Permeabilidade do Sistema Aquífero Urucuia Centro-Ocidental através da Interpretação de Perfis Geofísicos

Authors

  • Rafael Lima dos Santos Santos Universidade Federal da Bahia, Instituto de Geociências, Programa de Pós-graduação em Geologia, Núcleo de Estudos Hidrogeológicos e do Meio Ambiente, Rua Barão de Jeremoabo s/n, 40170-290, Ondina, Salvador, BA, Brasil
  • Natanael da Silva Barbosa Universidade Federal da Bahia, Instituto de Geociências, Programa de Pós-graduação em Geologia, Núcleo de Estudos Hidrogeológicos e do Meio Ambiente, Rua Barão de Jeremoabo s/n, 40170-290, Ondina, Salvador, BA, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.11137/2020_3_323_333

Keywords:

Parâmetros petrofísicos, Perfis geofísicos de poços, Grupo Urucuia

Abstract

Nos estudos hidrogeológicos, a porosidade e permeabilidade caracterizam as rochas em relação ao armazenamento e a transmissão de fluidos nos aquíferos. Neste trabalho, os parâmetros petrofísicos foram obtidos através das informações contidas em cinco perfis geofísicos de poços com a integração dos dados do tempo de trânsito das ondas acústicas e da contagem em unidades API (American Petroleum Institute) dos raios gama. Nesse contexto, a área de estudo compreende uma associação de duas unidades hidroestratigráficas inter-relacionadas (Formações Posse e Serra das Araras) com características hidráulicas específicas, individualizadas por propriedades petrofísicas e sedimentológicas contrastantes ao longo de sua área de abrangência, segundo uma orientação de ENE (área fonte) para WSW (área deposicional). Nesse trend, a variação das propriedades petrofísicas sugere que os principais resultados obtidos indicam: (i) um aumento nos valores médios de argilosidade (VSH) para a Formação Posse e, consequentemente, uma diminuição na porosidade total (φ) devido ao processo de infiltração mecânica das argilas que funcionam como uma pseudomatriz dos arenitos eólicos, caracterizado por um aumento da VSH com a profundidade. Já os parâmetros porosidade efetiva (φe) e permeabilidade (ƙ) apresentam uma tendência de aumento em razão de um maior grau de seleção das partículas do arcabouço; (ii) para a Formação Serra das Araras é verificado uma diminuição no VSH ao longo de sua extensão, devido a uma maior variação litológica, e em profundidade, como uma consequência de uma infiltração mecânica das argilas intersticiais para a unidade subjacente. Na porção centro-oriental da bacia hidrogeológica ocorre uma diminuição significativa nos valores médios de φ, φe e ƙ devido a uma maior frequência e espessura de níveis silicificados e fraturados que compõe o Sistema Aquífero Urucuia (SAU). De modo geral, os parâmetros petrofísicos se relacionam a dois importantes reservatórios do SAU – Aquífero Posse e Aquífero Serra das Araras – permoporosos, contíguos e segmentados por níveis/horizontes silicificados e fraturados que representam aquitardes e, provavelmente, conferem uma conexão hidráulica (i.e., drenança) entre as unidades litoestratigráficas.

References

Assaad, F.A.; Lamoreaux, P.E. & Hughes, T.H. 2004. Field Methods for Geologist and Hydrogeologist. 1ª. ed. New York, Springer, 404p.

Barbosa, N.S. 2016. Hidrogeologia do Sistema Aquífero Urucuia, Bahia. Programa de Pós-Graduação em Geologia, Universidade Federal da Bahia, Tese de Doutorado, 170p.

Barbosa, N.S.; Leal, L R.B.; Mello, J.C.; Peixinho, M.A.L.; Santos, C.B.; Santos, R.L.S. & Barbosa, N.S. 2017. Modelo Hidrogeológico Conceitual do Sistema Aquífero Urucuia Centro-Ocidental, Brasil. Águas Subterrâneas, 31:1-19. http://dx.doi.org/10.14295/ras.v31i1.28524.

Barbosa, N.S.; Leal, L.R.B.; Santos, R.L.S. & Mello, J.C. 2014. Caracterização Hidro-Litoestratigráfica do Sistema Aquífero Urucuia com base em Perfis Geofísicos de Poços. In: SUPLEMENTO - XVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS, 2014, Resumos expandidos, Belo Horizonte. p.18.

Bear, J. 1972. Dynamics of Fluids in Porous Materials. New York, Elsevier, 784p.

Campos, J.E.G. & Dardenne, M.A.A. 1994. Carta estratigráfica da Bacia Sanfranciscana. In: 38° CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 1994, Balneário Camboriú-SC, p.50-51.

Campos, J.E.G. & Dardenne, M.A.A. 1997. Estratigrafia e Sedimentação da Bacia Sanfranciscana: Uma Revisão. Revista Brasileira de Geociências, 27(3): 269-282.

Campos, J.E.G. & Dardenne, M.A.A. 1999. Distribuição, estratigrafia e sistemas deposicionais do grupo Urucuia-Cretáceo Superior da bacia Sanfranciscana. Geociências, 18(2): 481-499.

Cannon, S. 2016. Petrophysics: a Practical Guide. 1. ed. Iowa: Wiley Blackwell., v.1, 201p.

Gaspar, M.T.P. 2006. Sistema Aqüífero Urucuia: Caracterização Regional e Propostas de Gestão. Programa de Pós-Graduação em Geologia, Universidade de Brasília, Tese de Doutorado, 204p.

Gaspar, M.T.P. & Campos, J.E.G. 2007. O Sistema Aqüífero Urucuia. Revista Brasileira de Geociências, 37(4): 216-226.

Graton, L.C. & Fraser, H.J. 1935. Systematic Packing of Spheres: With Particular Relation to Porosity and Permeability. The Journal of Geology, 43: 785–909.

Jorgensen, D.G. 1989. Using Geophysical Logs to estimate porosity, water resistivity and intrinsic permeability. United State Geological Survey Water-Supply Paper 2321, 30p.

Krumbein, W.C. & Monk, G.D. 1943. Permeability as a function ot the size parameters of sedimetary particles. American Institute of Mining and Metallurgical Engineers, p. 153-163.

Nascimento, K.R.F. 2002. Aspectos Hidrogeoquímicos e Qualidade das Águas Subterrâneas e Superficiais da Sub-bacia do Rio das Fêmeas. ANA/GEF/PNUMA/OEA. Salvador-BA, 21p.

Nascimento, K.R.F. & Lima, O.A.L. 2013. Cálculo de parâmetros hidráulicos do Aquífero Urucuia utilizando dados geoelétricos. In:13th INTERNATIONAL CONGRESS OF THE BRAZILIAN GEOPHYSICAL SOCIETY, 2013. Resumo expandido, Rio de Janeiro, p.6.

Nery, G.G. 1995. Perspectivas da perfilagem geofísica de poços na Hidrogeologia. In: ÁGUAS SUBTERRÂNEAS-SUPLEMENTO - IX ENCONTRO NACIONAL DE PERFURADORES DE POÇOS, 1995. São Paulo, 8p.

Raymer, L.L.; Hunt, E.R. & Gardner, J.S. 1980. An improved sonic transit time-to-porosity transform: Transactions of the Society of Professional Well Log Analysts. 21st Annual Logging Symposium. 12p.

Schlumberger. 1989. Log Interpretation Principles/Applications. Houston, Schlumberger Educational Services, 203p.

Sgarbi, G.N.C. 1989. Geologia da Formação Areado. Cretáceo Inferior a Médio da Bacia Sanfranciscana, Oeste do Estado de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Geologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Dissertação de Mestrado, 324p.

Spigolon, A.L.D. & Alvarenga, C.J.S. 2002. Fácies e Elementos Arquiteturais resultantes de Mudanças Climáticas em um Ambiente Desértico: Grupo Urucuia (Neocretáceo), Bacia Sanfranciscana. Revista Brasileira de Geociências, 32(4): 579-586.

Stieber, S.J. 1970. Pulsed neutron capture log evaluation in the louisiana gulf coast. SPE Annual Meeting, Houston, Texas. https://doi.org/10.2118/2961-MS.

Winsauer, W.O.; Sherarin, H.M.; Masson, P.H. & Williams, M. 1952. Resistivity of brine-saturated sands in relation to pore geometries. American Association of Petroleum Geologists Bulletin, 36:253-277. doi: 10.1306/3d9343f4-16b1-11d7-8645000102c1865d.

Published

2020-09-30

Issue

Section

Article