Litofácies e Mineralogia da Formação Estrada Nova no Estado de São Paulo – Brasil Visando Aplicação na Indústria Cerâmica de Revestimento

Authors

  • Sérgio Ricardo Christofoletti Instituto Florestal, Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade
  • Carolina Del Roveri Universidade Federal de Alfenas, Instituto de Ciência e Tecnologia
  • Antenor Zanardo Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geociências e Ciências Exatas

DOI:

https://doi.org/10.11137/2020_4_156_175

Keywords:

Formação Estrada Nova, Litofácies, Mineralogia

Abstract

O presente trabalho teve por objetivo principal caracterizar as litofácies e as composições minerais presentes nas rochas sedimentares da Formação Estrada Nova, na região Centro-Sul do estado de São Paulo. Os resultados mostraram que a descrição de fácies aliada à caracterização mineralógica mostrou-se uma ferramenta importante na avaliação preliminar destas rochas para uso como matéria-prima cerâmica. Foram identificadas cinco litofácies: no Membro Serra Alta (Folhelho síltico laminado, Siltito laminado e Siltito maciço) e no Teresina (Siltito intercalado e Ritmito arenoso). As litofácies do Membro Serra Alta de acordo com as suas características indicam deposição em ambiente plataformal profundo “offshore” em processo de decantação de baixa energia, às vezes ocorrendo processos de tração a qual propiciou a formação de camadas com laminações plano paralela composta de areia
de granulometria fina. No Membro Teresina, observou-se que as litofácies apresentaram cor vermelha, granulometria grossa e um aumento das camadas de arenito com cimentação carbonática em direção ao topo formando estruturas rítmicas. A presença de camadas de arenito nas porções intermediárias e topo do Membro Teresina representam variações da maré, com retrabalhamento por ondas em ambiente “lower shoreface” e a cor vermelha indica a transformação de um ambiente redutor para oxidante. As análises dos difratogramas de raios X nas litofácies da Formação Estrada Nova mostraram baixa frequência do mineral feldspato do tipo albita e do argilomineral ilita e elevada presença de calcita, especialmente no Membro Teresina. A baixa frequência dos minerais ilita, albita e elevada do mineral calcita, em especial nas litofácies do Membro Teresina limitam a sua utilização como matéria-prima única na produção de revestimentos cerâmicos. No Membro Serra Alta, a granulometria mais fina e a presença mais frequente da ilita indica seu aproveitamento cerâmico na composição de massas para a indústria cerâmica de revestimento e estrutural. Estudos de caracterização
tecnológicas posteriores definirão os usos mais adequados destas rochas como matérias-primas cerâmica.

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Published

2020-12-18

Issue

Section

Article