Inversão de papéis: jogos de gênero e imaginação literária em Rachel de Queiroz

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1517-106X/203201221

Resumo

Este artigo examina os jogos de gênero e a imaginação literária de Rachel de Queiroz. Utilizando fontes produzidas no começo da carreira da escritora propõe aproximações entre história da vida literária e história das mulheres a partir da análise dos embates no espaço literário brasileiro na primeira metade do século XX. O objetivo é destacar o impacto dos papéis que Rachel de Queiroz desenvolveu enquanto mulher indisciplinada nas confluências entre sua trajetória e a arquitetura de seus projetos literários em espaços marcadamente masculinos. Problematiza as estratégias da escritora ao inverter os papéis destinados às mulheres e reinventar espaços de liberdade no âmbito da profissionalização e da produção de repertórios sobre a diferença entre os sexos.

Biografia do Autor

Clovis Carvalho Britto, Universidade de Brasília

Doutor em Sociologia pela Universidade de Brasília (UnB), Linha de Pesquisa Arte, Cultura e Patrimônio e Pós-Doutor em Estudos Culturais no Programa Avançado de Cultura Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atualmente é Doutorando em Museologia pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT - Portugal), e professor nos Programas de Pós-Graduação em Culturas Populares da Universidade Federal de Sergipe e em Museologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Integra os Grupos de Pesquisa Cultura, Memória e Desenvolvimento (UnB), Museologia, Patrimônio e Memória (UnB), História Regional: Manifestações Artísticas e Patrimônios Culturais (UEM) e Observatório da Museologia na Bahia da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Paulo Brito do Prado, Universidade Federal Fluminense

Mestre em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e Especialista em Educação para a Diversidade e Cidadania pela Universidade Federal de Goiás/Centro Integrado de Aprendizagem em Rede (UFG/CIAR-GO). Atualmente é Doutorando em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e professor efetivo na Secretaria de Educação do Estado de Goiás. Áreas de interesse: História das mulheres, Gênero, Sexualidades, Feminismos, Relações Étnico-raciais, Memória, Patrimônio, História Regional, Contemporânea e do Brasil.

Referências

A MENTALIDADE FEMININA CEARENSE. A Razão, Fortaleza, ano I, n.º 61, 22 maio 1929, p. 2.

ACADEMIA DE LETRAS DO CEARÁ. A Razão, Fortaleza, 11 jun. 1930, p. 7.

ALBUQUERQUE JUNIOR, Durval Muniz de. A invenção do Nordeste e outras artes. São Paulo: Cortez, 2011.

ALBUQUERQUE JUNIOR, Durval Muniz de. Limites do mando, limites do mundo: a relação entre identidades de gênero e identidades espaciais no nordeste do começo do século. História: questões e debates, Universidade Federal do Paraná, n. 34, 2001.

AS GROSSERIAS inéditas na imprensa cearense. O Ceará, Fortaleza, ano III, n.º 841, 30 mar. 1928a, p. 1.

AS GROSSERIAS do órgão catholico provocam protesto. O Ceará, Fortaleza, ano III, n.º 843, 1 abr. 1928b, p. 10.

ASSIS DUARTE, Eduardo. Classe e gênero no romance de Rachel de Queiroz. In: DUARTE, Eduardo Assis. Literatura, política, identidades: ensaios. Belo Horizonte: Fale/UFMG, 2005.

BARBOSA, Maria de Lourdes Leite. Protagonistas de Rachel de Queiroz: caminhos e descaminhos. Campinas: Pontes, 1999.

BUTLER, Judith P. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.

CAULFIELD, Sueann. Em defesa da honra: moralidade e nação no Rio de Janeiro (1918-1940). Campinas: Editora da Unicamp, Centro de Pesquisa em História Social da Cultura, 2000.

CHAGAS, Mario de Souza. Imaginação museal: museu, memória e poder em Gustavo Barroso, Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro. 2003. Tese (Doutorado em Ciências Sociais), Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2003.

CHIAPPINI, Lígia. Rachel de Queiroz: invenção do Nordeste e muito mais. In: CHIAPPINI, Lígia; BRESCIANI, Maria Stella (orgs.). Literatura e cultura no Brasil: identidades e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2002.

CHRONICAS... O Ceará, Fortaleza, 1 abr. 1928, p. 4.

DIRETRIZES. Revista Semanal, Rio de Janeiro, ano IV, n. 58, 31 jul. 1941, p. 5.

DUARTE, Constância Lima. A história literária das mulheres, um caso a pensar. Revista Miscelânea, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, v. 3, 1998.

DUARTE, Constância Lima. Arquivo de mulheres e mulheres anarquivadas: histórias de uma história mal contada. Revista Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, Universidade de Brasília, n. 30, 2007.

GUERELLUS, Natália de Santanna. Rachel de Queiroz: regra e exceção. 2011. Dissertação (Mestrado em História), Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2011.

HOLLANDA, Heloísa Buarque de. As crônicas de Rachel de Queiroz. In: COUTINHO, Fernanda (Org.). Rachel de Queiroz: uma escrita no tempo. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2010.

HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Biografia. In: QUEIROZ, Rachel de. Melhores crônicas de Rachel de Queiroz. São Paulo: Global, 2004.

HOLLANDA, Heloisa Buarque de. O éthos Rachel. Cadernos de Literatura Brasileira. São Paulo: Instituto Moreira Salles, n. 4, 2002.

LACERDA, Lilian de. Álbum de leitura: memória de vida, histórias de leitores. São Paulo: Editora Unesp, 2003.

LETRAS FEMININAS. Revista Fon-fon. Rio de Janeiro, ano XXIV, n. 31, 2 ago. 1930, p. 38.

MICELI, Sérgio. Relegação social e chance literária. In: ELEOTÉRIO, Maria de Lourdes. Vidas de romance: as mulheres e o exercício de ler e escrever no entresséculos – 1890-1930. Rio de Janeiro: Topbooks, 2005.

OLIVA, Osmar Pereira. Rachel de Queiroz e o romance de 30: ressonâncias do socialismo e do feminismo. Cadernos Pagu, Universidade Estadual de Campinas, n. 43, 2014.

PERROT, Michelle. Mulheres públicas. São Paulo: Fundação Editora da Unesp, 1998.

PERROT, Michelle. As mulheres ou os silêncios da história. Bauru, SP: Edusc, 2005.

QUEIROZ, Rachel de. A mulher de Lampião. In: FERREIRA, Vera; ARAUJO, Germana Gonçalves de (Org.). Bonita Maria do Capitão: centenário de Maria Bonita 1911-2011. Salvador: Eduneb, 2011.

QUEIROZ, Rachel de. Melhores crônicas de Rachel de Queiroz. São Paulo: Global, 2004.

QUEIROZ, Rachel de. Cadernos de Literatura Brasileira, n 4. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 1997.

QUEIROZ, Rachel de. O quinze. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967.

QUEIROZ, Rachel de; QUEIROZ, Maria Luíza de. Tantos anos. São Paulo: Arx, 2004.

SCOTT, Joan Wallach. Género e historia. México: FCE, Universidad Autónoma de la Ciudad de México, 2008.

SMITH, Bonnie G. Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica. Bauru, SP: Edusc, 2003.

SOB A DIRECÇÃO [sic] do talento primoroso de Rita de Queluz vae [sic] ser restaurado o “Jazz Band” do “O Ceará”. O Ceará. Fortaleza, ano III, n. 331, 18 mar. 1928, p. 7.

SOIHET, Rachel. Condição feminina e formas de violência: mulheres pobres e ordem urbana, 1890-1920. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1989.

SOIHET, Rachel. Feminismos e antifeminismos: mulheres e suas lutas pela conquista da cidadã plena. Rio de Janeiro: 7Letras, 2013.

TELLES, Norma. Encantações: escritoras e imaginação literária no Brasil, século XIX. São Paulo: Intermeios, 2012.

VALORES DESPREZADOS. A Razão, Fortaleza, ano I, n.º 59, 19 maio 1929, p. 3.

Downloads

Publicado

2018-12-29

Edição

Seção

Artigos