Como César Aira pode mudar sua vida
DOI:
https://doi.org/10.1590/1517-106X/2021233190205Resumo
Neste ensaio busco explorar algumas ressonâncias entre a construção de um subgênero do comentário contemporâneo de literatura, traduzido no híbrido crítica/autoajuda, e alguns aspectos do trabalho de César Aira, que construiu ao longo de sua carreira uma obra bastante refratária ao jogo comumente celebrado entre literatura e pedagogia, fundado no papel orientador que a criação literária poderia ter em termos de fomentar prescrições morais louváveis. Crendo que assim Aira pensou e fez, creio também que, à revelia de suas possíveis intenções autorais, há algo em sua literatura que nutre certo panorama ético. Busco aqui comentar e discutir esse panorama a partir de uma leitura, necessariamente pontual, de um conjunto de textos de Aira que flertam com a autobiografia e a autoficção (como La Vida Nueva), associados a outros que operam com a questão da relação entre literatura e vida (como El Náufrago e Cecil Taylor), convocados em torno de um anedotário pessoal de motivação exploratória a partir do tema estabelecido no título.
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