Descartes: Ideia e Representação Um Caso Enigmático: As Ideias Materialmente Falsas
DOI:
https://doi.org/10.35920/arf.v20i1.11075Palavras-chave:
Descartes, ideias materialmente falsas, realidade formal, realidade objetiva, materially false ideas, formal reality, objective realityResumo
The central aspects of the cartesian notion of idea (representative mental operation, objective being, objective reali- ty, and object) seem to be called into question by the notion of materially false idea: a sensible, obscure and confused idea that represents “a non-thing as a thing.” Would these ideas be false representations, because they would not represent anything, or would they be misrepresentations? In order to answer this question, I analyze the canonical texts of metaphysical meditations on this theme and also the objections of arnauld. I draw the articulations of this debate and interpret them. I then conclude that obscure and confused sensitive ideas, that is to say, materially false ideas, either have as their content sensations or are themselves sensations. Because they are intentional, sensations are considered as ideas of objects, but, due to their nature, they are not in accordance with the objects of which they are ideas. therefore, they have a referential function, but they are not representative of their objects.
Resumo
Os aspectos centrais da noção de ideia cartesiana (operação mental representativa, ser objetivo (objective being), realidade objetiva (objective reality) e objeto parecem ser postos em questão pela noção de ideia materialmente falsa (materially false): ideia sensiÌvel, obscura e confusa que representa “uma não-coisa como se fosse uma coisa” (represent non-things as things). estas ideias seriam falsas representações, pois nada representariam, ou seriam representações equivocadas (misrepresentations)? para responder a esta pergunta, o artigo analisa os textos canoÌ‚nicos das meditações metafiÌsicas sobre esse tema e as objeções de arnauld; extrai e interpreta as articulações desse debate e conclui que as ideias sensiÌveis obscuras e confusas, isto eÌ, as ideias materialmente falsas, teÌ‚m como conteuÌdo sensações ou, elas proÌprias, são sensações. em razão de serem intencionais, as sensações são consideradas ideias de objetos, mas, em razão da sua natureza, elas não são conformes aos objetos de que são ideias. portanto, elas teÌ‚m uma função referencial, mas não seriam representativas de seus objetos.
Referências
[A] Descartes
ADAM, C. , TANNERY, P. Oeuvres de Descartes; 11 vol. Paris: Vrin-CNRS, 1964-1974.
DESCARTES, R. L'entretien avec Burman. Ed., trad. e anotação de J-M Beyssade, Paris: Puf, 1981.
DESCARTES, R. Obra escolhida. Trad. de J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Difusão EuropeÌia do Livro, 1962.
DESCARTES, R. PrinciÌpios da Filosofia. Ed.bilíngues, trad. e organização de Guido Antonio de Almeida e outros. Rio de Janeiro: UFRJ, 2002.
[B] Bibliografia Secundária Citada
AQUINO, T. Suma TeoloÌgica, v. I e II. Coord. de Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira. Ed. bilíngue latim-português. São Paulo: Edições Loyola. 2001.
ARNAULD, A.“Des vraies et des fausses idées”. Ed. Corpus des Oeuvres de Philosophie en Langue Française. Paris: Fayard, 1986.
BEYSSADE, J-M.“Descartes On Material Falsity”. In: P. Cummins & G Zoeller (eds). Minds, Ideas and Objects. Atacadero: Ridgeview Publishing Company, 1992.
BEYSSADE, M.“A Dupla Imperfeição da Ideia Segundo Descartes”. Analytica, v. 2, no 2, 1997.
CUNNING, D.“Descartes on Sensations and Ideas of Sensations”. In: An Anthology of Philosophical Studies. Athens: Atiner Publishing, 2006.
CHAPPELL, V.“The Theory of Ideas”. In: A. Rorty (ed.). Essays on Descartes'Meditations. Berkeley: University of California Press, 1986.
DE ROSA, R.“Descartes on Sensory Misrepresentation: The Case of Materially False Ideas”. History of Philosophy Quartely, v. 21, no 3, julho, 2004.
DE ROSA, R.“Cartesian Sensations”. Philosophy Compass, 4/5, 2009.
FIELD, R.“Descartes on the Material falsity of Ideas”. The Philosophical Review, v. 102, no 3, julho, 1993.
HOFFMAN, P.“Descartes on Misrepresentation”. Journal of the History of Philosophy, v. 24, no 3, Julho, 1996.
KAUFMAN, D.“Descartes on Materially False Ideas”. In Paci c Philosophical Quartely, no 81, 2000.
LANDIM FILHO, R.“Ideia, Ser Objetivo e Realidade Objetiva nas “Meditações” de Descartes”. Kriterion, no 130, julho-dezembro, 2014.
MORAN, D.“Descartes on the Formal Reality, Objective Reality, and Material Falsity Ideas”. In: K. Westphal (ed). Realism, Science and Pragmatism. New York: Routledge, 2014.
NADLER, S. Arnauld and the Cartesian Philosophy of Ideas. Princeton: Princeton University Press, 1989.
PECHARMAN, M. «Arnauld et la fausseteÌ des idées. De la Troisième méditation aux Quatrièmes objections». Archives de Philosophie, tome 78; cahier 2015/1, 2015.
RADNER, D.“Thought and Consciouness in Descartes”. Journal of History of Philosophy, v. 26, no 3, julho, 1988. RORTY, A. (ed.). Essays on Descartes'Meditations. Berkeley: University of California Press, 1986.
SCRIBANO, E. «Descartes et les Fausses Idées». Archives de Philosophie, Tome 64, 2001/2.
SIMMONS, A. «Are Cartesian Sensations Representational?» Nous, v. 33, 1999.
SIMMONS, A. «Descartes on the Cognitive Structure of Sensory Experience». Philosophy and Phenomenological Research, v. LVVII, no 3, 2003.
SHAPIRO, S.“Obective Being and Offness in Descartes”. Philosophy and Phenomenological Research, v. LXXXIV, no 2, março, 2012.
SUAREZ, F. F Suarez, Disputationes Metaphysicae II, seção 1. Ed. Georg Olms. NewYork Georg OlmsVerlag, 1998.
WELLS, N. “Material Falsity in Descartes, Arnauld and Suarez”, Journal of History of Philosophy. v. 22, no3, janeiro, 1984.
WELLS, N.“Objective Reality of Ideas in Descartes, Caterus and Suarez”. Journal of History of Philosophy, v. 28, no. 1, janeiro, 1990.
WILSON, M.“Descartes on the Representationality of Sensation”. In: Ideas and Mechanism. New Jersey: Princenton University Press, 1999.
WILSON, M. Descartes. London: Routledge & Kegan Paul, 1978.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-ND 4.0), que permite a redistribuição, comercial ou não comercial, desde que a obra original não seja modificada e que seja atribuído o crédito ao autor.
- Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).