Saul Kripke e o paradoxo do dogmatismo

Autores

  • João Rizzio Vicent Fett PUC-RS

DOI:

https://doi.org/10.35920/arf.v21i1.16237

Palavras-chave:

Dogmatismo, Conhecimento, Contraevidência, Saul Kripke, Dogmatism, Knowledge, Counterevidence

Resumo

RESUMO: O slogan "Conhecimento gera dogmatismo" causa-nos imediata perplexidade. O dogmatismo é trivialmente tomado como uma postura irracional de manutenção de crenças. Saul Kripke, contra esta intuitiva perspectiva, ofereceu um argumento que supostamente prova que se você sabe que uma proposição P é verdadeira, então você está autorizado a ser dogmático quanto a se P. Neste ensaio, temos os seguintes objetivos. Em primeiro lugar, vamos criticar uma recente objeção ao argumento pró-dogmatismo de Kripke feita por Rodrigo Borges, segundo a qual, uma suposição sobre meta-conhecimento deve ser assumida por Kripke a fim de que seu argumento seja defensável. Em segundo lugar, vamos propor uma outra crítica ao argumento de Kripke, segundo a qual uma de suas premissas assume uma perigosa dose de voluntarismo doxástico, o que compromete irremediavelmente o seu argumento. Concluiremos que embora o argumento de Kripke possa ser defendido de certas críticas, a sua conclusão paradoxical é injustificada.

ABSTRACT: The slogan “Knowledge breeds dogmatism” causes us perplexity. Dogmatism is trivially taken as an epistemically irrational attitude. Saul Kripke, however, going against this intuitive view, has put forward an argument that purportedly proves the following: if you know that a proposition, P, is true, then you are entitled to dogmatically disregard counterevidence for P. In this essay, we have the following aims. First, after examining the nature of the paradox, we will criticize a recent objection against Kripke's argument presented by Rodrigo Borges, according to which some meta-knowledge should be assumed in order for the argument to be tenable. Second, we will present another objection against Kripke's argument, according to which one of its premises assumes a dangerous dose of doxastic voluntarism, what spoils his argument. We will conclude that, even if Kripke's argument can be defended from some objections, its paradoxical conclusion is unjustified.

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Publicado

20-03-2018