Espécies naturais e essências: o papel desempenhado pelos postulados científicos no externalismo semântico de Hilary Putnam
DOI:
https://doi.org/10.35920/arf.v21i2.22510Palavras-chave:
Essencialismo, Referência, Necessidade, Espécies Naturais, Significado, Hilary PutnamResumo
Alguns autores têm afirmado que o externalismo semântico de Putnam implica em um tipo de essencialismo que não descreve adequadamente a prática científica, já que as referências dos termos que designam espécies naturais seriam determinadas por características essenciais dos exemplares que compõem cada uma daquelas espécies. Essas essências seriam as verdadeiras responsáveis pela identidade das espécies naturais. Uma vez conhecidas tais essências, estaríamos aptos a identificar tais espécies em qualquer mundo possível, visto que suas essências permaneceriam estáveis mesmo diante de mudanças nas descrições de outros de seus atributos. Logo, o externalismo semântico parece inadequado para explicar o desenvolvimento da ciência. Ademais, os critérios de identificação de espécies químicas e biológicas não são fixados da maneira proposta por Putnam. Este artigo apresenta essas objeções ao externalismo semântico de Putnam e formula uma resposta, afirmando que Putnam não postulou uma tese própria sobre critérios de identidade para espécies naturais. Sustenta-se que as menções de Putnam a postulados científicos são melhor compreendidas se interpretadas como elementos adicionais para a determinação das referências de termos que designam espécies naturais.
Abstract:
Some authors have argued that Putnam’s semantic externalism entails a kind of essentialism which does not describe scientific practice adequately, since the references of the terms that designate natural kinds would be determined by essential traits of the specimens which make up those natural kinds. Those essences would account for the identity of natural kinds. Once such essences are known, we would be able to identify natural kinds in any
possible world, since such essences would remain stable even in the face of abrupt changes in the descriptions of other kinds’ attributes. Therefore, semantic externalism seems inadequate for accounting the development of science. Furthermore, the identification criteria for chemical and biological species are not determined in the manner
proposed by Putnam. This paper presents those criticisms to Putnam’s semantic externalism and formulates a reply, stating that Putnam did not posit a thesis on identity criteria for natural kinds. His Putnam’ references to scientific postulates are better understood when interpreted as additional elements for the determination of the
references of natural kind terms.
Keywords: Essentialism; Reference; Necessity; Natural kinds; Meaning; Hilary Putnam.
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