Tempo e linguagem em Wittgenstein e Russell – a interpretação de Bento Prado Neto

Autores

  • Ghuilherme Ghisoni UFG

DOI:

https://doi.org/10.35920/arf.v22i1.24732

Palavras-chave:

linguagem fenomenológica, tempo da memória, tempo físico, tempo relacional, tempo absoluto.

Resumo

RESUMO
Bento Prado de Almeida Ferraz Neto, em seu livro de 2003, oferece uma análise detida do §67 das Observações Filosóficas de Wittgenstein e mostra como este parágrafo se encontra diretamente relacionado ao abandono do projeto de construção de uma linguagem fenomenológica, em 1929, por razões relacionadas ao tempo. O objetivo deste artigo é traçar paralelos entre a análise de Ferraz Neto do §67 e um argumento utilizado por Bertrand Russell em 1901, para mostrar a impossibilidade da construção de uma série temporal a partir das qualidades (como prazer e dor). A importância do §67 reside no fato de ser o principal trecho no qual Wittgenstein expressa a impossibilidade temporal da linguagem fenomenológica. Ferraz Neto é o único comentador que de forma detida analisa este parágrafo e, a partir dele, oferece uma interpretação para a impossibilidade da linguagem fenomenológica. Meu objetivo principal é mostrar que a argumentação de Russell em 1901 antecipa alguns elementos presentes no §67, de acordo com a intepretação de Ferraz Neto. Isso nos permitirá um novo viés interpretativo para a afirmação de Wittgenstein de que o que compreendemos pela palavra “linguagem” flui no tempo homogêneo da física. Na perspectiva de Russell, essa afirmação equivaleria à constatação de que uma série temporal independente das
qualidades seria um requisito da forma lógica das proposições temporais. Isso, por sua vez, possibilitará conectar as análises fenomenológicas de Wittgenstein de 1929 com o debate acerca da contraposição entre as concepções relacional e absoluta da estrutura temporal da linguagem.
Palavras-Chave: linguagem fenomenológica, tempo da memória, tempo físico, tempo relacional, tempo absoluto.

ABSTRACT
Bento Prado de Almeida Ferraz Neto, in his book from 2003, offers a detailed analysis of the paragraph 67 from Wittgenstein’s Philosophical Remarks and shows how Wittgenstein’s abandonment of the phenomenal language project in 1929 is direct related to time. This paper aims to contrast his analysis of the paragraph 67 with an
argument used by Bertrand Russell in 1901, used to demonstrate the impossibility of a temporal series constructed from the temporal relations of qualities (such as pleasure and pain). My main point is to show that Russell’s argument in 1901 anticipates some elements present in §67, according to Ferraz Neto’s interpretation. This allows
us a new perspective for Wittgenstein’s idea from 1929 that what we understand by the word “language” flows in the physical homogeneous time. In Russell’s perspective from 1901, this assertion would amount to the idea that a temporal series independent of qualities would be a requirement of the logical form of temporal propositions. This, in turn, would allow us to connect Wittgenstein’s phenomenological analyses from 1929 with the dispute between the relational and absolute concepts of the temporal structure of language.
Keywords: phenomenological language, memory time, physical time, relational time, absolute time.

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Publicado

2019-04-16